A região de Cambará do Sul abriga os cânions mais impressionantes do sul do país: os famosos cânions Fortaleza e Itaimbezinho são um sonho de consumo de todos que viajam por essa parte do Brasil.
Muitas pessoas conhecem os cânions como parte de uma road trip pelo sul, combinando roteiros vindo de Santa Catarina com o estado vizinho, Rio Grande do Sul, para visitar Cambará. Se você tem muitos dias, então esse roteiro pode ser perfeitamente combinado com uma visita a Urubici, São Joaquim e Bom Jardim da Serra, conhecendo a bela Serra do Rio do Rastro (roteiro contado nesta outra postagem). Ou então, com outro lugar no Rio Grande do Sul, como São Miguel das Missões, como neste relato, por exemplo.
Porém, se você vem dessa região, informe-se bem sobre quais rodovias utilizar, pois a rota mais curta inclui estradas de terra, areia e cascalho que realmente não sei dizer suas condições, então seria melhor pegar uma rota asfaltada no fim das contas. Essa rota de areia e cascalho seria a que liga Bom Jardim da Serra e São Joaquim a Cambará do Sul via São José dos Ausentes. O caminho asfaltado seria pela BR-101 seguindo até Torres. Daí subir pela Rota do Sol, pela BR-453. Isso porque há outro caminho de cascalho mais curto, que liga Torres a Cambará via Praia Grande.
Você poderia também estar vindo só pela rodovia litorânea (BR-101) se estiver visitando Florianópolis, passando por Imbituba (e daí pode conhecer a bela Guarda do Embaú, praia do Rosa e outras) até Torres. Ou, ainda, pode estar vindo de Porto Alegre também até Torres e daí voltando um pouco e subindo para Cambará pelo caminho que expliquei antes. Ou, ainda mais outra opção, estar passeando por Gramado e Canela e sair de lá direto para Cambará do Sul, sem precisar ir para a BR-101. No mapa um pouco tosco que fiz acima indiquei as principais rodovias para que entenda um pouco melhor.
Neste relato contarei sobre um roteiro de um fim de semana saindo de Porto Alegre para visitar os cânions Fortaleza e Itaimbezinho, mas passando por Torres. Porém, como pode ver, existem inúmeras possibilidades, o sul é incrível!
Essas cidades todas que citei podem ser visitadas durante o ano todo, mas no inverno pode ser muito frio (neste inverno de 2017 inclusive chegou a nevar em algumas delas). Nos cânions existe o risco de pegar muita neblina e não ver nada, mas isso é uma loteria! Pode estar um lindo dia de sol e de repente a neblina tomar conta dos cânions. Ou em pleno inverno de repente o tempo abrir. Ouvi dizer que a possibilidade de pegar tempo aberto, sem neblina, nos cânions é maior na parte da manhã, mas isso você realmente só vai saber quando chegar lá. Nas duas vezes que visitei a região, em janeiro e em novembro, tive a sorte de ver os cânions sem neblina.
De Porto Alegre até Torres são 192 km, percorridos em pouco mais de 2h. Aluguei um carro em Porto Alegre e saí por volta das 7h da cidade, e a rodovia foi bem tranquila.
Ouvi dizer que Torres é a praia mais linda do Rio Grande do Sul, mas ela ficou mesmo conhecida pelo famoso Festival Internacional de Balonismo. Chegando lá, você se depara com uma cidade grande, mas o show está na bela praia da Guarita, cartão postal de Torres. O mar é um pouco agitado, mas ao entrar no Parque da Guarita já é possível apreciar as lindas falésias e até subir e caminhar por cima delas. Há algumas escadas para subir, e é bem tranquila e rápida a subida. Lá de cima você terá uma vista de tirar o fôlego, subindo na Torre Sul você verá de um lado algumas falésias na praia da Guarita, e do outro, uma extensa faixa de areia, que é a praia de Itapeva, com 6 km de extensão.
Depois você pode subir na Torre do Meio (ou Morro das Furnas), que é mais extensa. Subindo as escadas a caminhada pelo platô é muito bonita, com vista para os penhascos. Há algumas escadinhas íngremes para descer e visualizar a parte inferior, mas tome cuidado ao descer. No final do platô (que tem no máximo uns 600 metros), você pode avistar a cidade com seus prédios, na Praia Grande, e o Morro do Farol também, de onde saem os paragliders, sendo possível descer nessa praia e caminhar até ele.
O Parque da Guarita funciona todos os dias das 8h às 20h, e o estacionamento custa R$ 5,00 (pessoa a pé não paga). Se você não tiver alugado um carro em Porto Alegre, a viação UneSul faz o percurso de Porto Alegre até Torres.
Há um passeio que não fiz, que leva de barco até a Ilha dos Lobos, reserva onde se pode observar os lobos marinhos e leões marinhos, além de diversas espécies de aves marinhas.
De qualquer forma, da maneira que fiz, indo de carro alugado, o passeio no Parque da Guarita é feito em mais ou menos meio período do dia. Saindo de lá peguei a Rota do Sol (pela BR-453), evitando assim a estrada de terra que vai para Cambará do Sul via Praia Grande. São 143 km via Tainha até Cambará, cerca de 2h.
A pequena cidade de Cambará tem seu charme, uma joia no meio das montanhas, com uma rua principal, onde ficam pousadas e restaurantes, como a Pizza Retrô, por exemplo. E não tem preço você parar numa padaria e pedir um pão na chapa e a atendente virar para o chapeiro e pedir por um torrado no pão de cacetinho!
Se você estiver de carro, que acho a melhor maneira de visitar a região, poderá ir até os cânions Itaimbezinho e Fortaleza por conta própria (não precisa de guia na parte superior). Porém, se tiver chegado até a cidade de ônibus, precisará contratar um tour por causa do transporte até os cânions. A viação Citral faz o percurso de Porto Alegre até Cambará do Sul, mas não todos os dias. Consulte o site da Citral. Ou é possível pegar um trecho de Porto Alegre até Caxias do Sul (Expresso Caxiense), e de lá um para Cambará do Sul (Expresso São Marcos). O Expresso São Marcos também faz de Torres a Caxias do Sul.
Para quem não estiver de carro e precisar desse transporte até os cânions, achei pela internet algumas agências como, por exemplo: Guia Aparados da Serra, Agência da Colina, Aparados da Serra Turismo, Cânion Turismo, Téfo Guia e Rota dos Cânions. Imagino que existam diversas outras agências locais. Na cidade há um centro de apoio ao turista que pode te ajudar com isso também.
O Cânion Fortaleza fica no Parque Nacional da Serra Geral. São 22 km de estrada de terra e cascalho para chegar até a portaria do parque, mas que estão em bom estado de conservação (na dúvida, vai devagarzinho!). Chegando lá, você verá as placas indicando o caminho para as trilhas do Mirante, da Pedra do Segredo e da Borda dos Cânions, o que daria no máximo uns 7 km tudo, mas são trilhas relativamente tranquilas. Os paredões do cânion têm até 700 metros de altura.
Ao fazer a trilha do Mirante, você terá o incrível visual desse cânion, para mim, o mais lindo! Depois, volte até onde a placa indica a trilha da Pedra do Segredo (uma gigante pedra equilibrada no paredão), onde você verá também, no caminho, a bela cachoeira do Tigre Preto. Tenha cuidado, pois é preciso passar pelas pedras do rio por cima dessa cachoeira, mas como ele é baixo, sempre há várias pedras secas para pisar e, assim, atravessar o rio.
Uma dica: se precisar passar por dentro da água, ou se sentir mais seguro assim, você pode tirar o tênis, mas manter as meias, indo assim pelo leito do rio. Dessa forma você não escorregará nem um pouco!
Passando para a outra margem e andando mais uns poucos metros… voilà! A cachoeira do Tigre Preto de frente! Depois terá outra visão do cânion conforme caminha. A Pedra do Segredo em si não me impressionou muito. Esse passeio todo pelo cânion Fortaleza pode ser feito em mais ou menos meio período. A entrada é gratuita, e o local funciona todos os dias das 8h às 17h (no horário de verão, até às 18h). Cuidado com os graxains que podem estar no estacionamento. Eles são um tipo de raposa ou lobo, que até lembram cãezinhos, pois estão acostumados com as pessoas que dão comida nesse estacionamento. Porém, não se esqueça de que são selvagens, e não se deve tocá-los ou importuná-los.
Em outro meio período você precisa conhecer o cânion Itaimbezinho, que fica no Parque Nacional de Aparados da Serra. Ele funciona de terça a domingo das 8h às 17h, mas para a trilha do Cotovelo é necessário entrar no parque no máximo até às 15h. De Cambará do Sul até a portaria são 18 km de estrada de terra (mesmas recomendações da estrada para o cânion Fortaleza, vai devagar! rs). Brasileiros pagam R$ 8,00 de entrada e mais R$ 15,00 de estacionamento, e a base de apoio tem um pouco mais de estrutura do que a do cânion Fortaleza. Nesse parque, na parte superior, também não é necessário guia, e você pode fazer as trilhas do Vértice (1,5 km ida e volta) e do Cotovelo (6 km ida e volta), que também são relativamente tranquilas, com vista para as cascatas Véu de Noiva e Andorinhas. É um passeio super bonito também (apesar de o meu coração pertencer ao Cânion Fortaleza).
Como eu disse, fiz esse roteiro em um fim de semana: meio período para Torres, meio período para o cânion Fortaleza e meio período para o cânion Itaimbezinho. E o que fiz no último meio período (meu voo saindo de Porto Alegre era só 21h00)? Aproveitei para conhecer a Cascata dos Venâncios, que me surpreendeu com sua beleza e quantidade de água, com suas 4 quedas em uma extensão de 100 metros, onde é possível banhar-se. Ela fica a 22 km de Cambará do Sul, na estrada para Jaquirana, com parte de estrada de terra também.
Se você estiver sem carro poderá fazer um passeio que terei ainda que voltar para fazer, que passa não só pela Cascata dos Venâncios, mas pelo Passo do S e Passo da Ilha, que não fui, mas parece um incrível lugar. Porém, para o Passo do S e o Passo da Ilha precisa de agência, pois o 4×4 passará por dentro do rio num percurso que um carro de passeio não passaria.
Falando em passeios que não fiz e preciso voltar à região e fazer, destaco a Trilha do Rio do Boi, que percorre a parte inferior do cânion Itaimbezinho. Para essa trilha é obrigatório guia e, além disso, boas condições climáticas (vulgo “sol”). É uma trilha de dia inteiro de nível difícil, que sai de Praia Grande. Nela são percorridos 10 a 14 km pelo leito do rio por dentro do cânion. Essa trilha por dentro do cânion é a mais famosa, mas ouvi fizer que também há uma trilha por dentro do cânion Fortaleza, a trilha do Tigre Preto, também de nível difícil.
Fora os famosos cânions Fortaleza e Itaimbezinho, há também os cânions Malacara (por dentro ou por cima), Josafaz, Churriado, Cambajuva, cânion da Pedra, cânion da Encerra, Realengo, Monte Negro, Coxilha, Pinheirinho e outros. Consulte os sites das agências da cidade para saber mais sobre esses trekkings, geralmente de nível moderado a difícil. E há diversas outras cachoeiras da região, como a do Tio França (a 2,5 km da cidade). Podem também ser feitos passeios de bike, de bote, cavalgadas e rapel. Veja um vídeo da Cascata dos Venâncios abaixo:
Encerro dizendo que esse roteiro pelos cânions vale muito a pena. Estude bem sua rota para montar uma boa logística e pegar as estradas asfaltadas e, assim, apreciar ao máximo essas maravilhas! Como pode ver, existem várias formas de visitar a região, tanto com muitos dias de passeio quanto com uma rápida passada, como eu fiz; e tanto com caminhadas leves quanto com trilhas mais difíceis. Tudo é questão de se programar!
Excelente texto. Didático.
Parabéns!
Já conheci o Itaimbezinho, agora rumo aos outros.
Só faltou indicação de hospedagem.
Oi, muito obrigada! 😀 Nossa, tem tanto canyon por lá que é difícil conhecer todos numa viagem só! rs Eu me hospedei no Kamilly Room. É beeeem simples, mas ao mesmo tempo acolhedor, e o dono é muito simpático. Obrigada por visitar meu site e volte sempre!