Quando se fala em Itália, logo pensamos no majestoso Coliseu, ou na curiosa Torre de Pisa, ou, quem sabe, nos charmosos canais de Veneza. No entanto, a Itália guarda muito mais sonhos do que podemos imaginar, e um desses incríveis lugares é a região das Dolomitas, os alpes italianos.
Imagine um lugar com fabulosas montanhas, lagos dos mais diversos tons de azul e verde e vilarejos de charme? É isso que reserva esse Patrimônio Mundial da Unesco, com cadeias montanhosas de até 3 mil metros, localizadas nas regiões de Vêneto, Trentino Alto-Ádige e Friuli-Venezia Giulia.
Em honra ao geólogo francês Deodát Dolomieu, por volta de 1876 essa região dos alpes italianos foi chamada de Dolomitas, onde o estudioso encontrou a rocha dolomita pela primeira vez.
As cidades e vilarejos mais famosos das Dolomitas são Cortina D’Ampezzo, Trento, Bolzano e Val di Funes, no entanto há uma infinidade de lugarejos para se conhecer, quilômetros e quilômetros de trilhas para se percorrer e, por que não, deliciosos pratos italianos para se provar.
Um punhado de fotos e vídeos que vi sobre as Dolomitas já me fizeram querer arrumar as malas correndo!
Quando visitar
Se sua intenção é esquiar e admirar paisagens nevadas, pode visitar as Dolomitas entre outubro e abril, quando diversas montanhas viram estações de esqui. É importante ressaltar que algumas estradas podem fechar no inverno e alguns lagos podem estar congelados.
Se, ao contrário, você quer dirigir pelas estradas com mais tranquilidade, pegar paisagens sem neblina e uma temperatura mais alta, visite entre maio/junho e setembro. No verão as trilhas estão bem abertas e pode-se aproveitar as praias dos lagos, que estarão em seus tons azuis-esverdeados no auge.
Já nos meses de transição, correspondentes ao outono e à primavera, vai depender da sua sorte, talvez veja uma mescla entre o inverno e o verão. Por ser baixa temporada, talvez alguns atrativos e restaurantes estejam fechados. É importante tentar contatar alguns locais para certificar-se de que funcionarão. Porém, poderá ter possibilidade de ver tanto paisagens ainda congeladas quanto cenários de lagos espelhados. Apenas ressalto que em cada ano a transição climática pode ser diferente, acontecendo pouco antes ou pouco depois.
Eu escolhi conhecer as sonhadas Dolomitas no auge do verão, para garantir que veria as paisagens bem claras e poderia percorrer todas as trilhas que programei.
Como chegar
O aeroporto mais próximo de Cortina D’Ampezzo é o de Veneza, há mais ou menos 2 horas de distância. Há outras opções não tão distantes, como os aeroportos de Verona e de Milão. As estradas no geral são excelentes. Se você sair de Milão, pode iniciar sua viagem em Bolzano ou Trento, por exemplo.
Como se locomover
Definitivamente a melhor maneira de conhecer as Dolomitas é alugando um carro.
Há alguns ônibus que ligam algumas cidades das Dolomitas. Existe ônibus entre Milão e Trento, Veneza e Cortina D’Ampezzo (ATVO e Flixbus), Verona e Trento, Treviso e Cortina D’Ampezzo, Innsbruck (na Áustria) a Bolzano, dentre outras.
Porém, visitar os atrativos pode ser complicado sem carro, pois são relativamente distantes um do outro e ônibus locais não são frequentes ou até mesmo inexistem em alguns trechos. É possível consultar algumas viações, que não funcionam durante todo o ano, como a Dolomiti Bus e a Cortina Express. Sobre ônibus em geral, veja no site oficial da região.
Algumas agências de turismo também fazem bate-voltas de outras cidades, como a Getyourguide, a MacsAdventure e outras.
Conclusão: alugar um carro será a maneira mais econômica e a que conhecerá todos os cantinhos que desejar e em seu tempo.
Quanto tempo ficar?
Eu estive na região por uma semana, mas ressalto desde já que esse tempo só me deixou com vontade de voltar para ficar muito mais! Principalmente se você ama fazer trilhas, como eu, verá nessa viagem um paraíso para trilheiros!
Mas se você tem menos tempo e tem menos ambições voltadas a caminhadas, algumas pessoas aproveitam para conhecer um básico até em 2 a 4 dias. É aquela história: quanto mais tempo ficar, mais conhecerá!
Alugando um carro
Eu aluguei meu carro via Rentalcars, com uma locadora chamada Ecovia. Essa foi uma boa maneira de garantir o veículo e não precisar pagar na hora da locação, gerando IOF. Você pode pesquisar no Rentcars também. Na parte da viagem da Croácia e da Eslovênia eu aluguei um carro direto no site da Álamo.
Não é exatamente obrigatório brasileiros apresentarem a PID (Permissão Internacional para Dirigir) na Itália. Inclusive, muitas locadoras não pedem na hora da locação. Mas caso você se envolva em alguma ocorrência e/ou seja parado por policiais, é bem provável que pedirão o documento. Por isso, é importante se precaver. Entre no site do Detran em sua região e veja as instruções para solicitar o documento. Mesmo levando a PID é importante que carregue também sua habilitação brasileira.
As estradas nas Dolomitas são excelentes, mas chegando nos atrativos em geral são bastante sinuosas e estreitas, dirija com cuidado!
Organizando o roteiro
Em geral os viajantes combinam um roteiro pelas Dolomitas com outras regiões próximas. Meu roteiro, por exemplo, incluiu na Itália as regiões de Milão, Lago di Garda, Cinque Terre e Pisa, combinadas com a Croácia e a Eslovênia (roteiros todos que ficarão para relatos futuros).
Muitos viajantes incluem na mesma viagem a Áustria, a Alemanha e a Suíça, por exemplo.
Se tiver tempo, o importante é dividir sua estada nas Dolomitas em várias bases, para conhecer bastante e evitar passar a maior parte do tempo só dirigindo.
Hospedagem
Minha primeira base foi Cortina D’Ampezzo, e procurei bastante por hospedagens econômicas, que são meu modo de viajar. Na época pesquisei somente no Booking e achei tudo na região caro demais. Não cheguei a procurar por AirBnb, por isso não sei se existe essa opção. Fora isso, se você está indo para fazer trilhas pode se hospedar em alguns dos diversos abrigos de montanha (experiência que quero muito realizar futuramente). Nessa opção, a hospedagem é no meio dos atrativos, no meio das montanhas, longe das cidades. Eu tentei fazer uma reserva num dos abrigos de montanha que encontrei na internet, mas com menos de 3 meses de antecedência estava lotado.
Minha solução: quase todas as cidades das Dolomitas têm excelentes campings, todos bem estruturados e próximos às áreas urbanas. Por isso despachei minha barraca e obtive valores na faixa dos 15 euros para acampar.
As trilhas
Para quem gosta de trilhas, como eu, existem algumas vias longas de travessias que me parecem extremamente interessantes, como a Alta Via 1, a mais famosa delas, com 125 km a serem percorridos em cerca de 8 a 11 dias, ligando do Lago di Braies a Belluno. Eu MORRO de vontade de fazer essa travessia. Porém, no momento de minha viagem tive um pouco de dificuldade em descobrir mais sobre as trilhas da região. Por isso, eu programei o aluguel do carro e todos os dias dirigir até o início de cada trilha pretendida e retornar no mesmo dia para o camping.
Fora a Alta Via 1, existem as Altas Vias 2, 3, 4, até 10. E existem trilhas curtas, como as que fiz diariamente. Por exemplo, na região de Cortina D’Ampezzo, você pode pesquisar todas as trilhas neste site. Mas se você quer uma aventura mais radical pode pesquisar sobre a Via Ferrata, e as informações estão neste site.
Se você pretende fazer a Alta Via 1, este site mostra o mapa com todos os refúgios de montanha pelo caminho. É proibido o camping selvagem. Ressalto que os abrigos de montanha não funcionam durante todo o ano, consulte-os para se organizar.
O que eu percebi, na prática, é que todas as trilhas das Dolomitas são numeradas. Você verá diversas placas, e chegando lá e vendo mapas descobrirá o número da trilha que está fazendo. Então alguns viajantes ligam uma trilha à outra (principalmente quem estiver dormindo nos abrigos de montanha), criando diversas combinações de trilhas e caminhos possíveis. Em várias situações eu cheguei num ponto de destino e tive vontade de continuar por outros caminhos.
Meus mapas
Eu gosto muito de um aplicativo chamado Maps.me. Eu não cheguei a comprar um chip de internet para meu celular. Então, baixei os mapas das regiões que visitaria em meu celular antes de viajar. Chegando lá, usei somente mapas off-line. O celular opera esses mapas via satélite. O Maps.me traça rotas e marca pontos mesmo sem internet (desde que você tenha baixado os mapas locais previamente). Caso você erre o caminho, ele recalcula.
Eu usei o aplicativo tanto para dirigir entre cada ponto quanto para me guiar nas trilhas a pé e deu super certo! Não estive perdida em momento algum.
Finalmente, vamos ao meu roteiro!
Como sempre, ressalto que essas foram as escolhas que fiz de roteiro, que podem ser usadas como base para que os leitores montem suas viagens. Em cada dia destacarei outras opções de roteiros próximos que não fiz.
Existem muito mais possibilidades de cidades e vilarejos para se visitar, ou trilhas diferentes, ou mais longas, ou mais curtas etc. Há muitas pessoas que não fazem passeios de trilhas. É possível ir de carro a alguns locais, se encantar com as cidadezinhas e, também, fazer roteiros gastronômicos, afinal estamos na Itália! Há muitos teleféricos na região das Dolomitas e é possível admirar belos mirantes sem fazer trilhas também. É possível chegar de carro a diversos lagos lindíssimos, sem trilha nenhuma.
Os teleféricos não funcionam durante todo o ano. Por isso é interessante verificar no site oficial os períodos de abertura e fechamento. Na home do site é possível selecionar outras cidades em “Discover Dolomites” e depois na aba “Experience”.
Dia a dia
Dia 1: Cortina D’Ampezzo e Lago Pianozes
Dia 2: Tre Cime di Lavaredo e Lago di Misurina
Dia 3: Passo Giau, Rifugio Cinque Torri e Lago di Federa
Dia 4: Lago di Sorapis
Dia 5: Lago di Landro, Lago di Dobiacco e Lago di Braies
Dia 6: Monte Seceda e Rifugio Delle Odle (Santa Magdalena)
Dia 7: Lago di Tovel, Lago di Tenno, Borgo Medioevale di Canale di Tenno e almoço no Lago di Garda (Cologna di Tenno)
Deixo aqui um mapa da rota feita mais ou menos, iniciando em Veneza, seguindo sentido anti-horário e, depois do Lago di Garda, retornando a Veneza para devolver o carro.
Dia 1: Cortina D’Ampezzo e Lago Pianozes
Cheguei no aeroporto de Veneza num ônibus vindo da Eslovênia. Após descansar um pouco até o horário de abertura das locadoras, segui para a reservada e aluguei meu possante. Pode-se dizer que esse carro foi meu único luxo durante a viagem, pois nesse percurso ele virou casa, armário e restaurante. Como mencionei, vim com ele pago desde o Brasil, assim não gastaria com IOF. Portanto o único gasto no momento foi o calção de aluguel de veículos, que é estornado na devolução.
Após checar os mapas peguei estrada em direção a Belluno, onde entrei em um mercado, comprei suprimentos e fiz meu café da manhã no carro. Assim foi a maior parte dos meus cafés da manhã, em estacionamentos de mercados.
Depois, chegando em Cortina D’Ampezzo, conforme me aproximava as paisagens se tornavam mais fantásticas e as cadeias de montanhas ficavam maiores e mais próximas.
A primeira coisa foi procurar um camping. Eu estava entre o Camping Cortina, o Camppegio Dolomiti e o Camping Rocchetta. Acabei optando pelo primeiro, com bom custo-benefício, restaurante no local e um bom wi-fi. Eu cheguei a pesquisar hospedagens em San Vito de Cadore, uma cidade antes de Cortina, mas não achei boas opções.
Em meu primeiro dia fiz um exploratório mais simples da região. Saí para um passeio a pé desde o camping, em direção ao Lago Pianozes. É apenas 1,1 km de caminhada fácil e é possível ir de carro. O local conta com restaurante. O visual do lago é bem simples. De lá resolvi voltar por outra rota, que contornava a cidade. Achei as rotas acompanhando na hora pelo aplicativo Maps.me, que mencionei antes. Era só ir acompanhando pelo celular.
Cortina D’Ampezzo é um autêntico vilarejo alpino. Uma cidadezinha acolhedora e charmosa no pé das montanhas, não há como não se apaixonar! Há uma linda basílica e as ruas são cheias de restaurantes e lanchonetes.
Há alguns museus, como o Museu da Grande Guerra. A região das Dolomitas sofreu com a I Guerra Mundial, e já teve ocupação austríaca e alemã (por conta da II Guerra Mundial), além da italiana. Isso é um fato bem interessante, pois, principalmente nos refúgios, muitas pessoas falam somente italiano e alemão, e os cardápios de seus restaurantes têm somente esses idiomas. Inclusive, existe também um dialeto chamado ladino-dolomítico. O ladino é o dialeto mais antigo do Tirol e ainda é muito falado nessa região.
Dia 2: Tre Cime di Lavaredo e Lago di Misurina
O Tre Cime di Lavaredo era o passeio que eu mais desejava, e aproveitei que amanheceu um belo dia de sol para realizá-lo.
A trilha parte do Rifugio Auronzo, a 22 km de Cortina. SÓ TEM UM PORÉM: pouco menos de 6 km do Rifugio Auronzo há um pedágio caro, com o custo de 30 euros!
SOLUÇÃO: Dirigi até o Lago Antorno, onde há um local gratuito para estacionar ao lado de um restaurante. De lá há duas opções: caminhar os 6 km na subida ou pegar um ônibus de linha, opção que escolhi, o que foi bem barato e tranquilo.
O Rifugio Auronzo está a 2.333 metros de altitude. Meu plano: fazer a volta completa nos Tre Cime di Lavaredo, uma caminhada que leva cerca de 5 horas, dependendo das minhas paradas para fotografar. Iniciei minha caminhada em sentido anti-horário. Todas as trilhas são super bem sinalizadas e, como sempre, eu contava com meu app de mapas no celular.
Após 1 milhão de fotos eu cheguei ao Rifugio Lavaredo, a 1,7 km de caminhada tranquila. Muitas pessoas fazem a caminhada somente até este ponto, pois é bem tranquilo. Aqui já se tem uma vista deslumbrante dos Tre Cime di Lavaredo.
No entanto eu faria a volta completa. Desse ponto caminhei até o Rifugio Locatelli, a 2,9 km do Rifugio Lavaredo. Eu realmente gostaria de um dia dormir nesse ponto, pois há uma infinidade de trilhas saindo desse local. De qualquer forma, aproveitei para almoçar no restaurante do refúgio. Todos os refúgios estavam bem movimentados, cheios de viajantes animados e fazendo os mais diversos roteiros.
Segui fazendo o contorno dos Tre Cime em sentido anti-horário. Por toda a volta passei por paisagens deslumbrantes. Foram mais ou menos 10 km de caminhada, mas nada complicado. Deixo meu mapa da rota feita.
Após retornar ao estacionamento, peguei o ônibus descendo de volta ao Lago Antorno, onde estava meu carro. Ainda deu tempo de dar passada no Lago di Misurina, um lago cheio de hotéis e restaurantes ao redor, já descendo da montanha.
Dia 3: Passo Giau, Rifugio Cinque Torri e Lago di Federa
Em meu terceiro dia fiz outra caminhada das mais lindas da região, partindo do Passo Giau, a 16,4 km de Cortina. Chegando de carro no Passo Giau há um restaurante. As pessoas são tão hospitaleiras que entrei no restaurante para dar uma xeretada e fui logo ganhando uma “cachacinha” de boas-vindas.
Meu plano: assim como o roteiro do dia anterior, desse ponto do Passo Giau há diversas opções de trilhas diferentes. Eu escolhi uma caminhada que liga o Passo Giau ao Rifugio Cinque Torri, então deixei meu carro no Passo Giau.
Eu pensei em estacionar no Rifugio Cinque Torri e fazer o caminho inverso, porém parece que a estrada até lá é bem estreita para carros, e em alguns períodos está fechada. Por isso, o mais garantido foi a estrada até o Passo Giau, que é larga e tranquila.
Essa trilha tem 6,7 km de ida e foi uma boa opção, pois assim eu pude conhecer dois lugares numa caminhada só, com o plus de belíssimas vistas entre eles. Essa trilha foi tranquila, mas ela é mais estreita e mais vazia que a trilha do Tre Cime, e tem um pequeno trecho de subida. Então posso dizer que é mais difícil que a do dia anterior, com 12 ou 13 km no total e um trecho de subida.
Quando cheguei ao Rifugio Cinque Torri, mais ou menos 2 a 3 horas depois, tentei dar uma volta nas torres, o que chamam de Giro delle Torri. Porém, havia um treinamento para bombeiros sendo feito, e não me deixaram circular muito por ali. No caminho, quase chegando ao Rifugio Cinque Torri, está o Rifugio Scoiattoli. Fiz um lanche no refúgio, caminhei por onde deu e peguei meu caminho de volta.
Ainda eram 14h e eu estava de volta ao Passo Giau, ainda querendo aproveitar o dia. Verifiquei que o Lago di Federa não ficava tão distante dali. No entanto, pelo horário ficaria meio apertado, pois nas Dolomitas acaba escurecendo mais cedo, por causa das sombras das montanhas.
Se eu seguisse do Passo Giau até o Lago di Federa, havia uma trilha unindo os pontos, porém seriam 7,6 km de ida, e pelo horário ficaria apertado. Pensando no que fazer e “dando zoom” nos mapas no celular encontrei um ponto na estrada bem na altura do Lago di Federa onde havia um pequeno estacionamento, na verdade é mais um recuo na estrada. Nesse ponto as pessoas deixam o carro e há uma placa indicativa das trilhas, sinal que é uma caminhada comum de ser feita. Dirigi até esse ponto, encurtando meu caminho a 4,5 km de ida. Eu não achei no Google Maps, mas no Maps.me tinha esse ponto com um P de parking, na estrada, mas bem na altura do lago. E a referência é um recuo na rodovia, com uma placa grande indicando as trilhas.
Havia bem poucas pessoas na trilha, mas cruzei com gente muito simpática. A subida era bem íngreme (350 metros de altimetria) e exigiu mais em relação às outras, mas era bem demarcada. Chegando no Lago di Federa, parei no Rifugio Croda da Lago para me refrescar.
Eu não fui, mas algumas pessoas aproveitam e visitam o Rifugio Col Gallina, pois fica relativamente perto do Rifugio Cinque Torri. Aparentemente dá para chegar lá de carro também.
Deixo meus mapas do Passo Giau, do Rifugio Cinque Torri e do Lago di Federa.
Dia 4: Lago di Sorapis
Esse foi mais um dia bem esperado, pois foi o primeiro dos lagos de cor exótica que visitei. O estacionamento da trilha para o Lago di Sorapis está a 11 km de Cortina D’Ampezzo. A entrada da trilha fica próxima ao Ristoranti Son Zuogo.
São 5,2 km de ida caminhando do ponto onde se estaciona. A trilha é relativamente tranquila, com altimetria de 200 metros. Alguns trechos são ao lado de ribanceira, mas nesses há corrimões para auxiliar. Há algumas escadas pelo caminho. Talvez, para quem tem medo de altura, seja um pouco tenso passar nesses trechos, mas são partes bem curtas.
Levei cerca de 2 horas para percorrer a trilha. Infelizmente, quando cheguei, o lago estava tomado por neblina. Tive que aguardar bastante tempo para que a neblina abrisse um pouco e eu pudesse fotografar melhor o azul leitoso do lago. Porém, a beleza dele é indescritível! Depois de fotografar um pouco caminhei em seu entorno, tentando dar a volta, mas acabei retornando por onde vim.
Após me deslumbrar com o azul estonteante do lago, fui almoçar no Rifugio Vandelli, alcançado por uma trilha curtinha perto da chegada ao lago. Enquanto eu almoçava e conversava com um simpático casal começou uma chuva bem forte. Aguardei ficar um pouco mais fraca, mas precisei voltar o caminho todo debaixo de chuva. Ainda bem que estou sempre com calçado adequado para trilhas e capa de chuva.
Recomendo sempre: roupas confortáveis para caminhar, tênis ou bota de trilha e capa de chuva, além de lanchinho e água.
Essa foi minha última noite em Cortina D’Ampezzo. Para quem for no inverno e tiver a intenção de esquiar, recomendo dar uma olhada neste site.
Dia 5: Lago di Landro, Lago di Dobiacco e Lago di Braies
Após dormir por 4 noites em Cortina D’Ampezzo, finalmente levantei acampamento. Saí com todas as coisas no carro, em direção ao icônico Lago di Braies, a 46 km de Cortina. Nessa noite, como estava fazendo uma rota circular, resolvi dormir numa cidade chamada San Lorenzo di Sebato. Não porque havia algum atrativo próximo que eu almejava, mas sim por ser no meio do caminho do roteiro do dia seguinte. A cidade fica 30 km depois do Lago di Braies.
Confesso que nesse dia estava meio desencanada de procurar atrativos e estava objetivando só o Lago di Braies. Porém, nas Dolomitas às vezes os lugares surgem na sua frente!
E, dirigindo pela estrada, me deparei, na rodovia mesmo, com o lindíssimo Lago di Landro. Bem pertinho dele, com um pequeno desvio, há o Lago di Dobbiaco, este cheio de restaurantes ao redor. Vale a pena dar uma parada nos dois, pois é bem rápido.
Chegando no Lago di Braies, há um estacionamento pago no local. O lago é lindíssimo, enorme, verde e surpreendente! Cheguei bem cedo e resolvi dar uma volta completa nele, para assim contemplar ângulos variados.
A caminhada tem 3,5 km e é bem tranquila, plana. Conforme o sol foi subindo, passei por várias praias do lago e havia muita gente nadando e curtindo praia.
Há alguns barcos de madeira para alugar e remar pelo lago, mas custavam 20 euros/hora e, como eu estava sozinha e só fazendo passeios gratuitos, resolvi não investir nisso, quem sabe numa próxima.
O Lago di Braies também é chamado de Pragser Wildsee, nome dado pelos alemães. Ele tem 36 metros de profundidade máxima e 1 km de extensão. No inverno esse lago pode congelar.
Há algumas outras trilhas que partem do Lago di Braies, pertencentes ao Parque Natural Fanes-Senes Braies, como a de Ferrada, a do Rifugio Biella, a do restaurante Malga Foresta (Malga Grünwald) e a própria Alta Via 1.
Depois da visita, segui para San Lorenzo di Sebato, uma cidade 30 km depois do Lago di Braies onde fiz meu pernoite no camping Ansitz Wildberg. Esse já foi um pouco mais caro, mas com uma boa pechinchada consegui um valor melhor.
Dia 6: Monte Seceda e Rifugio Delle Odle (Santa Magdalena)
No dia seguinte dirigi por 43 km até a região de Chiusa, a fim de acampar no camping Ansitz Gamp. Esse também foi um dos caros e que precisei pechinchar no valor, mas também deu certo.
Após montar barraca e deixar minhas coisas, segui para o primeiro atrativo do dia. Dirigi por 19 km até a cidade de Ortisei. Lá havia a opção de subir ao Monde Seceda por trilha, uma subida que parece meio íngreme (8,4 km de ida), ou subir de teleférico. Como meu plano era fazer o máximo de atrativos por dia, resolvi subir de teleférico para otimizar tempo. Foi um dos meus poucos luxos da viagem.
Como podem ver, praticamente todos os passeios dessa viagem foram gratuitos, meus gastos no geral foram com camping e com comida. A comida na Itália não costuma ser muito cara, em geral fica em torno de 10 euros. No entanto, muitas vezes comprei lanches no mercado, gastando muito pouco com refeições.
Ortisei é uma cidade bem agradável, e de lá partem várias linhas de teleféricos. Como os teleféricos não funcionam durante todo o ano, é importante checar no site antes de ir. Veja, portanto, no site do Seceda as datas de funcionamento. Ida e volta custam 34 euros.
Outra opção é pegar o teleférico funicular até Col Raiser e, de lá, caminhar 50 minutos. Outra sugestão é um funicular até Rasciesa ou o Alpe di Siusi (que tem milhares de trilhas lindas também, veja informações sobre os teleféricos funiculares neste site), e o Seiser Alm.
Gostei bastante da experiência com o teleférico, e chegando lá em cima o cenário do campo cortado é muito exótico e bonito!
Depois de descer, dirigi por 34 km até Santa Magdalena em busca de uma caminhada até o Rifugio Delle Odle, na região de Funes, no Parque Natural Puez-Odle. O Rifugio Delle Odle também é chamado de Geisleralm, e você deve procurar em seu mapa com este último nome. Coloquei melhor a localização neste link. Nas placas indicativas nas trilhas existem as duas denominações.
Chegando em Santa Magdalena, há um trecho onde há um estacionamento a um custo de 5 euros para o dia todo. O estacionamento fica próximo à igreja San Giovani (repare nessa igreja).
Foram cerca de 2 horas de trilha (5,8 km de ida), com boa parte em subida não muito íngreme, porém, sempre em estrada larga. Chegando lá, infelizmente estava tudo fechado de neblina e era impossível ver as montanhas por trás do refúgio.
Parei para almoçar e as pessoas do refúgio, sempre muito gentis, fizeram um prato especial vegetariano para mim que nem estava no cardápio. O povo da região é muito atencioso, me encantei com o lugar!
Depois de esperar um pouco, a neblina se abriu um pouco e deu para ter uma ideia do que deve ser esse lugar com sol.
Assim como outros refúgios, diversas trilhas partem do Rifugio Delle Odle.
Dia 7: Lago di Tovel, Lago di Tenno, Borgo Medioevale di Canale di Tenno e almoço no Lago di Garda (Cologna di Tenno)
Em meu último dia, dirigi minha maior rota, saí de Chiusa, onde dormi, passei por Bolzano e segui direto para o Lago di Tovel, em um percurso de 104 km.
Visitei bem cedinho, por isso tive o lago todo só para mim. Esse lago pertence ao Parque Adamello Brenta, na região de Trentino. A caminhada ao redor do lago tem 3 km e é bem tranquila. Assim como no Lago di Braies, há algumas praias e é possível nadar. Antigamente havia um fenômeno por causa de algas que deixava as águas desse lago vermelhas, porém, a última vez que isso aconteceu foi em 1964.
Minha próxima parada foi a 90 km dali, o Lago di Tenno. Esse lago tem bastante infraestrutura, fácil acesso, estacionamento, restaurantes etc.
Com uma pequena ilha, o lugar brilha em uma beleza azul! As pessoas estavam extremamente animadas curtindo o local como uma praia, nadando, andando de caiaque, stand up paddle etc., tudo num clima muito bom!
Por ser bem menor que os outros, dei uma volta no lago que durou 1 hora, mas andando num ritmo muito tranquilo e parando para apreciar.
Saindo do Lago di Tenno fui almoçar num lugar que recomendo demais: o restaurante Acetaia del Balsamico. Por que eu recomendo? Por que, além de uma comida deliciosa a 10 euros, o restaurante tem uma vista ESPETACULAR para o Lago di Garda.
Aliás, quem visita a região das Dolomitas, caso tenha tempo, pode aproveitar para conhecer algumas cidades em volta do Lago di Garda. Eu conheci somente Limones, Riva del Garda, Desenzano e Bardolino, mas outra das famosas é, por exemplo, Sirmione, com seu famoso castelo, e a fofa Pieve di Tremosine.
Minha última parada foi conhecer um autêntico burgo medieval italiano, o Canale di Tenno. Senti-me num filme medieval!
Definitivamente um dia preciso retornar às Dolomitas, pois há uma infinidade de trilhas e lagos azuis e esmeralda me esperando! É tanta coisa para conhecer que realmente 7 dias é muito pouco!
Na região de Bolzano, por exemplo, há o Lago di Carezza. Próximo a Brunico está o Lago di Anterselva. Perto de Cortina D’Ampezzo, o Lago Gherdinae o Lago Mosigo. Fora o vilarezo de Auronzo di Cadore e seu lago de Santa Caterina, o Lago di Molveno, perto de Trento, Lago de San Pellegrino, Lago di Alleghe e inúmeros lagos mais. Fora lagos há o Paso di Falzarego, próximo ao Rifugio Cinque Torri, onde há um teleférico que te leva para as nuvens!
Faltou conhecer Trento, Bolzano, Val Gardena, e dormir em alguns dos inúmeros refúgios de montanha, algo que me fascina! Há muitos refúgios mesmo, e alguns não citados no texto foram o Rifugio Averau e o Rifugio Lagazuoi, mas há milhares de refúgios mesmo!
Aposto que este roteiro te deixou com água na boca para conhecer as Dolomitas, e escrevê-lo me fez querer voltar o quanto antes!
Muitas dicas legais ,Dolomitas não é igual torre que tem vários mochileiro explicando direitinho,vou em setembro sozinhA quero fazer a pé,muito obrigada.
Edna, fico feliz em ajudar. Também tive dificuldade em achar dicas, a maioria é em blogs em inglês. Fui sozinha e fiquei com medo de fazer a Via 1 a pé por receio de ter trechos de via ferrata, por isso optei pela locação de carro e fazer trilhas bate-volta. Enfim, espero ter ajudado de alguma forma. Por favor, se possível, quando fizer sua viagem volte aqui nos comentários para dizer como foi, se fez a via 1 ou alguma outra. E uma ótima viagem!
Muito obrigada pelo relato! Muito detalhado, um dos poucos
Olá, Verônica! Obrigada por visitar meu site! Se tiver alguma dúvida, fique à vontade para perguntar 🙂 E boa viagem!
Olá, tudo bem? Muito boas suas postagens, pretendo ir em 12 ou 13/06 tenho algumas dúvidas:
– Comprou o ingresso do teleférico Seceda com antecedência na internet? Recomenda?
– Estacionou o carro onde para o teleférico Seceda?
– Onde você parou o carro para o Rifugio delle odle? Colocou no maps Geisleralm e conseguiu estacionar lá? Pois vi em outro blog para colocar no maps o estacionamento Malga Zannes (o Zanser Alm), para estacionar lá e ir para as trilhas.
Desde já agradeço,
Oi, Amábila!
– Comprei na hora o ingresso do teleférico, fui no mês de julho e na época foi tranaquilo.
– Tinha uma área de estacionamento bem ao lado do teleférico.
– Chegando em Santa Magdalena, há um trecho onde há um estacionamento a um custo de 5 euros para o dia todo (na época que fui). O estacionamento fica próximo à igreja San Giovani.