Com certeza você já viu imagens de templos no Camboja, talvez tenha ouvido falar do Angkor Wat e quem sabe viu o filme da Angelina Jolie, Tomb Raider, em que aparece o templo Ta Prohm. O complexo de ruínas em Siem Reap, no Camboja, é um dos mais incríveis que já visitei, e se você gosta desse tipo de turismo com certeza o local deve estar em sua lista!
Um pouco de história de maneira muito resumida
O Angkor Wat era a capital do antigo império Khmer, civilização que floresceu entre os séculos IX e XIII. Esse e outros templos foram construídos durante o governo dos reis Suryavarman II e Jayavarman VII. A princípio seguiam a tradição hinduísta, mas aos poucos houve uma mescla com o budismo, portanto as ruínas têm influência de ambos.
Com o passar dos anos, a civilização Khmer enfrentou muitas guerras. Após o declínio do império, no século XV a capital do Camboja mudou para Phnom Penh e os templos ficaram esquecidos por séculos,sendo tomados pela selva. Apesar de nesse meio tempo o local ser visitado por exploradores e missionários, além de diversos europeus terem visitado Angkor Wat, as ruínas foram “redescobertas” em 1860 pelo francês Henri Mouhot, atraindo a atenção popular à região pelos seus escritos. “Redescobertas” entre aspas, pois o Angkor Wat em si nunca ficou completamente abandonado, por conta da presença de monges budistas. O protetorado francês fez muitas restaurações nas ruínas.
Na década de 1970 houve um período bastante sombrio, o reinado de terror do Khmer Vermelho. Houve um golpe militar pelo ditador Pol Pot, e de 1975 a 1979 o povo foi oprimido cruelmente, com mais de 2 milhões de pessoas morrendo de fome ou por execução (cerca de 20% da população). O extremista era contra a influência capitalista de outros países, forçando que o Camboja fosse totalmente autossuficiente, o que levou à fome generalizada e à morte por doenças tratáveis.
Em 1979 o ditador foi retirado do poder por forças de oposição vietnamitas e apoio de diversos países por intermédio da ONU, apesar de os conflitos na região prosseguirem até a década de 1990. Em 1992 Angkor se tornou Patrimônio Mundial da Unesco, recebendo doações de diversas instituições e, com o passar dos anos, principalmente a partir de 2015, houve uma grande aceleração do turismo.
Quando conhecer?
Assim como ocorre com outros países do sudeste asiático, o Camboja também passa pelo período das monções, uma época de chuvas constantes, que vai de maio a outubro. Portanto, a melhor época para se visitar o Camboja é de novembro a abril.
Como chegar?
Por voo: Em geral as pessoas chegam à cidade de Siem Reap, onde estão os famosos templos do Camboja, a partir de outros países do sudeste asiático, principalmente da Tailândia. Isso porque Bangkok é um dos aeroportos com voos mais em conta vindos do Brasil. Porém, Siem Reap recebe voos de vários locais do sudeste asiático, como Vietnã, Filipinas e outros. Eu, por exemplo, estava vindo da Tailândia e depois do Camboja iria para o Vietnã.
Pesquise companhias aéreas como Bangkok Air, Camboja Angkor Air, Vietnam Airlines, Lao Airlines, Air Asia, dentre outras. O site do Skyscanner e o Google Flights são ótimas maneiras de descobrir quais empresas aéreas fazem determinado trecho.
Saindo do aeroporto, contratei um tuk tuk por 7 dólares para me levar até minha hospedagem.
Por terra: O excelente 12Go Asia mostra todas as formas de se locomover entre muitas cidades e países do sudeste asiático. Eu cheguei a comprar passagem por esse próprio site para outro trecho e deu certo. A Mekong Express faz trechos de ônibus vindos de várias cidades do Camboja, como da capital Phnom Penh, para Siem Reap, ou de Bangkok (Tailândia) e Ho Chi Minh (Vietnã). Fora isso, consulte também o site da Camboticket, que reúne passagens de diversas empresas.
Requisitos de entrada no Camboja
– Como para todos os países, você precisa de um passaporte que esteja a mais de 6 meses da data de vencimento.
– Certificado Internacional de vacinação contra febre amarela.
– Visto
O visto para o Camboja pode ser tirado na chegada ao país. Dessa maneira, você precisa levar uma foto 3×4 ou 5×7 daqui do Brasil e pagar 30 dólares. Muitas vezes é cobrada uma taxa de uns poucos dólares para quem chega por terra para fazer o processo. Porém, se quiser economizar tempo em filas, pode adiantar o processo pela internet entrando neste site. Pela internet, você paga os 30 dólares e mais 6 dólares de taxa do site. Depois de 3 dias receberá seu visto por e-mail, e deve imprimi-lo e levar. Não é necessário fazer pela internet de qualquer forma.
Dados gerais
– A moeda do país é o Riel Cambojano, mas o dólar americano é bem aceito em todos os lugares.
– Hospede-se em um local próximo à Pub Street, a rua de lojas, restaurantes, baladas e bares, e os night markets.
– Achei Siem Reap um local seguro, andei sozinha pela cidade, inclusive à noite.
– Algumas pessoas visitam Siem Reap por apenas 1 dia para conhecer os templos principais, porém, eu recomendo 3 dias inteiros para fazer todos os circuitos de templos, em momento algum me senti entediada. Mais que 3 dias também costuma ser tempo demais.
– Como em todo templo, é necessário usar roupas que cubram até os joelhos e que cubram os ombros. Eu acabei usando blusa de manga curta, mas você pode também levar um lenço para cobrir os ombros se estiver de regata.
– use calçados confortáveis, você vai andar bastante, muitas vezes por terrenos irregulares, e subir e descer muitas escadas.
Como se locomover
Existem várias maneiras de visitar os templos e vários circuitos diferentes. O Angkor Wat, um dos principais templos, fica a 5 km de Siem Reap. Você pode contratar um tuk tuk para te levar (o que eu fiz), ou alugar uma bicicleta (normal ou elétrica).
Para fazer de bicicleta comum precisa ser um pouco experiente na magrela, pois há circuitos de templos em que se andará até cerca de 40 km num dia! Pense nessa quilometragem num calor tropical cambojano!
Já com a bicicleta elétrica não há esse problema, porém, pesquisei que a bateria não dura muito, e algumas pessoas ficam no meio do caminho. Há pontos de carregamento na área dos templos, mas a carga demora um pouco para ser completada.
De tuk tuk o valor por dia é de 15 a 20 dólares. Eu pedi indicação em minha hospedagem de um motorista e combinei com ele meu roteiro e o valor pelos 3 dias. O motorista do tuk tuk é só um motorista, ele não é um guia. Ou seja, ele te deixará na entrada de cada templo e ficará te esperando, não entrará com você ou te explicará sobre os templos. Por isso, caso se interesse por um passeio com explicações, consulte uma indicação em sua hospedagem.
Se não quiser fazer tudo de tuk tuk, uma saída pode ser mapear no Google Maps a distância dos templos e fazer só os dias mais distantes dessa maneira, e os mais perto fazer de bike.
Ingressos para a visita
Em meu primeiro dia, a primeira parada foi no Ticket Office para comprar o ingresso para a área dos templos. Existem passes de 1 dia (37 dólares), de 3 dias (62 dólares) e de 7 dias (72 dólares). A bilheteria e a área dos templos funcionam das 05h30 às 17h30. Não se esqueça de sempre andar com seu ingresso, pois este será conferido várias vezes.
Meu roteiro
Dia 1: templos mais distantes – Phnom Bok, Banteay Samre, Banteay Srei.
Dia 2: circuito longo – Preah Khan, Neak Pean, Ta Som, Prasat Pre Rub.
Dia 3: circuito curto – Angkor Wat (ir para ver o famoso nascer do Sol e visitar em seguida), Bayon, complexo do Angkor Thom (Preah Ngok Pagoda, Baphuon Temple, Royal Palace & Phimeanakas Temple, Elephant Terrace – um paredão de 300 metros de comprimento esculpido com elefantes, Leper King Terrace, Preah Palilay Temple e Tep Pranam Pagoda), Chau Say Tevoda Temple, Ta Keo, Ta Phrom, Sras Srang, Banteay Kdei.
O circuito curto e o longo têm pontos em comum, por isso, consulte com sua hospedagem ou o motorista de tuk tuk qual a melhor rota para combinar em cada dia, e também de acordo com sua disposição. Não fiquei me prendendo muito ao roteiro, só mostrei para o motorista minha lista e deixei ele me dizer a logística.
Para te ajudar a escolher quais visitar, veja esta lista e veja os mapas abaixo para se localizar:
Dia 1
Nesse primeiro dia, o templo mais distante fica a 50 km de Siem Reap, foi o dia dos passeios mais distantes. O Banteay Srei é um templo em tons rosados, dedicado a Shiva, e seu nome significa “cidadela da mulher”, por acreditar-se que foi construído por mulheres. O local não é muito grande, mas é incrivelmente bem preservado. Já o Banteay Samre é um templo do século XII, e o Phnom Bok é o templo com 635 degraus de onde se tem uma bela vista.
Após o passeio caminhei pela Pub Street, aproveitando para comer e fazer compras no Night Bazar. No geral achei as coisas bem baratas em Siem Reap. Os bares dessa animada rua são muito legais, dá vontade de entrar em todos!
Dia 2
No segundo dia fiz o circuito longo. Passei pelos portões de entrada do parque, que já são uma atração à parte, e há 5 deles pela região. A primeira parada foi no templo de Preah Khan. Acredita-se que este templo foi construído em homenagem ao pai do rei Jayavarman VII.
Uma das coisas mais fascinantes em todos esses templos em Siem Reap é o fato de eles estarem em meio à mata tropical. Assim, conforme se caminha pela natureza, avistam-se as ruínas. Isso quando muitas e muitas vezes as raízes não invadem as ruínas, crescendo enormes árvores por cima delas. É o caso do Preah Khan, que por isso lembra o Ta Prohm, que aparece no filme Tomb Raider. Fiquei muito fascinada com esse templo e os diversos caminhos a seguir dentro dele e as imensas árvores e suas raízes crescendo pelos muros das ruínas.
Outra visita do dia foi o Prasat Neak Pean. Para acessar esse templo, caminha-se por uma passarela sobre a água, que forma lindíssimos espelhos d’água. O templo em si é simples, fica numa espécie de ilha, mas as passarelas sobre o lago são o mais bonito.
Depois fomos no Ta Som, outro templo incrivelmente tomado por árvores. A vantagem desses outros templos é não serem tão lotados de turistas como o Ta Prohm. A única coisa que é um pouco chata é a insistência de alguns vendedores em todos os locais.
A visita seguinte foi no Prasat Pre Rub, que é o templo que tem as esculturas de elefantes e cheio de escadarias e terraços.
Nesse dia, na volta dos templos, aproveitei para fazer algo diferente. Fui ao Khmer Ceramics Fine Art Centre e fiz uma aula de cerâmica. A aula que fiz era sobre potes, e o mais interessante é que todas as professoras são surdas-mudas. Achei perfeito eles darem essa oportunidade de trabalho para elas! A aula custa 25 dólares, e no final você escolhe um dos potes que fez para levar para casa. Eles levam ao forno e entregam em sua hospedagem no dia seguinte. Além disso eu ganhei um diplominha fofo!
Dia 3
No meu terceiro dia fiz templos do circuito curto. Na verdade, iniciei bem cedo para ver o famoso nascer do sol no Angkor Wat. Por ser o templo mais famoso, é também o mais lotado. Tive que me espremer entre os visitantes para conseguir um lugarzinho para apreciar o nascer do sol. Depois do nascer do sol saí para explorar o local. O templo é imenso, ele era a capital do Império Khmer e no século XII foi uma das maiores cidades do mundo. O complexo possui 5 torres, com a maior representando o Monte Meru, o centro do universo segundo a religião hindu.
Depois de visitar essa maravilha fui para outro templo espetacular, o Bayon. Tem gente que chama esse templo de “smilling faces”, pois ele é o templo que tem os rostos gigantes sorridentes. São mais de 50 torres com mais de 200 faces. Ele foi construído pelo rei Jayavarman VII e foi um dos que ficou gravado em minha memória por sua tamanha beleza.
Saindo de lá dei uma volta por todo o complexo de Angkor Thom, cheio de outros templos. Na área estão: Preah Ngok Pagoda, Baphuon Temple, Royal Palace & Phimeanakas Temple, Elephant Terrace (um paredão de300 metros de comprimento esculpido com elefantes), Leper King Terrace, Preah Palilay Temple e Tep Pranam Pagoda.
A área toda é uma delícia de caminhar, pois os templos todos estão entre as árvores. Nessa hora meu motorista de tuk tuk me deixou um tempo maior e marcamos de nos encontrar no final do estacionamento quando eu terminasse de ver tudo.
Depois fui no Chau Say Tevoda Temple, e em seguida no Ta Keo. O motorista fez uma parada para eu almoçar em frente ao Ta Prohm. Finalmente, hora de conhecer o templo da Tomb Raider. O lugar parece uma cidade perdida, não é à toa que o escolheram para o filme. O lugar clássico do filme é bem cheio, chegava a ter fila para fotografar. Mas as outras áreas do templo são tão exóticas quanto, também cheias de raízes por cima das ruínas. Foi inesquecível! Ainda visitei o Sras Srang e o Banteay Kdei para finalizar o dia, templo que possui 2 entradas.
Dicas adicionais
– Cada templo tem sua característica, eu achei fantástico fazer 3 dias de passeio, repare em cada detalhe esculpido nas ruínas. Porém, avalie se quer fazer esse tipo de passeio por 3 dias.
– Não se esqueça de levar garrafinha de água e passar protetor solar.
– Consulte o motorista do tuk tuk sobre a melhor ordem dos templos. Existem muito mais templos que esses que visitei.
Há outras coisas para se fazer em Siem Reap. Algumas pessoas visitam fazendas de produção de seda, ou assistem a espetáculos de danças típicas ou circo, visitam o Museu Nacional de Angkor, ou conhecem vilas flutuantes.
Nunca me esquecerei dos templos do Camboja, foi uma viagem diferente demais e que me marcou muito. Acho que todo mundo deve conhecer Siem Reap e se encantar com um lugar com tanta história como esse.
Olá Sabrina,
Sensacional está me ajudando muito na elaboração do meu roteiro para Siem Reap.
Muito obrigada pelas dicas.
Bjs
opa, obrigada pelo incentivo! <3