Há tempos eu ouvia falar das maravilhas da África do Sul. Todos os viajantes com quem eu conversava que visitaram o país eram unânimes em me contar sobre as experiências incríveis que tiveram no país africano. Isso foi mais que suficiente para me atrair ao continente e fazer um roteiro combinando África do Sul (Cape Town e Kruger National Park) e Victoria Falls (Zâmbia, Zimbábue e Botswana – roteiro já escrito aqui).
Neste relato vou descrever meu roteiro em Cape Town, e meu safari no Kruger National Park (partindo de Joanesburgo) ficará para um relato futuro. Fiquei 7 dias em Cape Town, e nesse tempo pude constatar como realmente essa cidade (assim como as outras que visitei na África) é vibrante, surpreendente, colorida… Visitar a África do Sul não é só uma viagem, não se faz só de paisagens… mas, sim, é uma enorme experiência de sensações e emoções! Te convenci a conhecer a África do Sul? Então vamos ao meu relato!
Antes de tudo, vamos a alguns dados!
Brasileiros não precisam de visto de turismo para entrar no país, podendo ficar até 90 dias. O necessário é somente o passaporte e o Certificado Internacional de Vacinação com a vacina contra febre amarela. A moeda local é o Rand, leve dólar para trocar.
Quando chegar no aeroporto, outra coisa que achei interessante foi comprar um chip de celular da Vodafone. Gastei cerca de 120 reais e funcionou muito bem durante toda a minha estadia no país. Um dos meus interesses no chip é que usei bastante Uber na cidade. Outra compra importante é um adaptador de tomadas, lá as tomadas são esse plugue tipo D, bem incomum para nós, brasileiros.
Melhor época para ir
As estações do ano, por ser um país no hemisfério sul, acompanham as estações do Brasil. Ou seja, o verão é de dezembro a março. Porém, como Cape Town está um pouco abaixo do sul do Brasil, a temperatura no geral pode ser um pouco mais fria.
Fora isso: vamos considerar de novembro a março uma ótima época para visitar Cape Town, sendo as temperaturas mais altas e não havendo chuva. No inverno as temperaturas são baixas e chove bastante, principalmente junho, julho e agosto.
Porém: se você for combinar a viagem com uma visita ao Kruger National Park, é importante saber que a melhor época para visitar essa outra região é trocada com a de Cape Town. Ou seja, de maio a agosto chove menos, com temperatura amena de dia e frio à noite. Por chover pouco nessa época, a vegetação está mais rasteira, e isso faz com que avistemos mais facilmente os animais durante o safari. No verão, ao contrário, chove mais nessa região e a vegetação cresce mais alta, dificultando a visualização de animais.
Eu visitei o país em dezembro, realmente peguei um clima excelente em Cape Town. Já no Kruger, apesar de vegetação alta, eu consegui ver facilmente os Big Five e todos os animais e peguei somente 1 dia de chuva, mas não chegou a atrapalhar. Acho que dei sorte.
Segurança
Fui sozinha para a África do Sul, mas em nenhum momento me senti insegura. Pesquisei bastante sobre o assunto antes de ir. Infelizmente, na África do Sul há bastante desigualdade (você pode pesquisar sobre o Apartheid), mas não vou entrar nesse tema, pois não é o objetivo deste relato.
O que posso dizer é que pesquisei que não é muito seguro dar bobeira à noite. Por isso, se for sair à noite, pegue um Uber para ir e voltar. Fora isso, eu andei somente em regiões turísticas, o que é mais seguro. Inclusive andei um tanto a pé, inclusive pelo centro da cidade, e não tive problemas. Me hospedei no bairro de Green Point, que é uma ótima região e perto de alguns pontos de interesse.
Transporte
Existem diversas formas de se locomover por Cape Town. Com as pesquisas que fiz, não me senti muito segura para andar de ônibus. Porém, seria a forma mais barata de locomoção. Você pode estudar as rotas de ônibus, inclusive para sair do aeroporto, no site do MyCiTi. Parece que esse sistema de ônibus foi um dos legados da Copa do Mundo para a cidade. Para usá-lo, é interessante passar, logo no aeroporto, no serviço de informações turísticas, pois é necessário comprar um cartão para colocar créditos e utilizar.
Existe também um sistema turístico de ônibus que leva aos principais pontos e é bem indicado, o City Sightseeing Bus. Parece bem interessante e o preço é bastante atraente.
Além disso, há um outro sistema de ônibus turístico que é bem tranquilo chamado Baz Bus (site e Facebook). Ouvi dizer que é bem interessante para quem vai fazer a Garden Route, uma rota cheia de atrativos incríveis que fica entre Cape Town e Elisabeth Town. Infelizmente eu não tive tempo de fazer essa rota, mas pretendo voltar ao país e conhecê-la.
Existe também a opção de alugar carro, mas é importante considerar que o país opera em mão inglesa. Para minha visita ao Kruger National Park, saindo de Joanesburgo, eu concluí que alugar carro era a melhor opção. Porém, como estava com bastante receio da mão inglesa, resolvi deixar essa experiência para mais para a frente na viagem. De qualquer forma, se for alugar carro, alugue um com câmbio automático, assim o “tilt” no cérebro será menor, pois você não precisará pensar na parte das marchas ao contrário. Fora isso, se você pretende visitar a região de vinhos próxima a Cape Town não é bom estar de carro, pois as degustações são fartas e seria bem perigoso dirigir nessas condições.
Minha solução ideal: usei Uber para a maioria dos trechos que precisei de carro. Pelo menos na cotação da época que fui, os valores estavam justos e achei bem seguro. Para o transporte do aeroporto e para 2 dias de passeio em lugares mais distantes, peguei algumas indicações de motoristas privativos. Se você está em mais de uma pessoa vale bem a pena. Sozinha, como eu estava, consegui alguns descontos, apesar de o valor ficar um pouco salgado. Porém, apesar de gostar de viajar barato, faço algumas escolhas prezando pela segurança e conforto, e escolhi essa opção por serem só 2 dias.
Depois de pesquisar diversos motoristas antes de embarcar na viagem, fechei com um deles que tinha boas indicações de outros viajantes. Combinei ida e volta do aeroporto e 2 dias de tour de dia inteiro. Ele me fez um bom desconto por eu estar sozinha. Ele me cobrou 180 Rands para o trecho do aeroporto até a cidade (cerca de 50 reais). E o valor de tour de dia inteiro, com muitas paradas, foi de 1200 Rands com desconto (era 1500) por estar sozinha. Meio salgado, mas achei que valeu a pena.
O motorista que contratei era ótimo, ele dava muita informação sobre todos os lugares que eu visitei e respondeu a todas as minhas perguntas com simpatia. Fora isso, mesmo eu estando sozinha me senti bem segura com ele (considere que eu voltei meio bêbada no dia da visita às vinícolas e ele me levou direitinho).
Contato: Nomore – +27 78 047 0060 ou +27 61 318 1259, kasymaswaya@gmail.com
Agora vamos ao meu relato!
Como disse anteriormente, estive por 7 dias em Cape Town, mas é possível ficar menos ou mais tempo, dependendo dos atrativos que desejar visitar.
Dia 1: V & A Waterfront e Signal Hill
Cheguei no aeroporto, troquei um pouco de dinheiro (tinha uma indicação de cotação boa no centro para trocar posteriormente) e fui atrás do chip da Vodafone. Meu motorista me aguardava para me levar à minha hospedagem.
Depois de me acomodar, saí para um passeio a pé. Eu me hospedei relativamente próxima ao V & A Waterfront. O lugar é bem badalado, pois é um porto que reúne muitos atrativos, como restaurantes, lojas, bares, passeios de barco, além de uma lindíssima roda gigante. Provavelmente você vai se deparar também com músicos tocando na rua, o que é ótimo para vivenciar a cultura. Excelente para um passeio a pé, é uma dica de passeio grátis, onde você só gasta o que escolher comprar.
No V & A Waterfront há um bom ponto para fotos com a famosa Table Mountain atrás. Nesse momento, havia uma grande nuvem que não saía de jeito nenhum da Table Mountain.
Agora eu vou fazer um parêntese aqui
Um dos atrativos principais em Cape Town é a Table Mountain. Para acessá-la, você pode usar as trilhas ou o serviço de teleférico. Porém, Cape Town é uma cidade de muito vento. Isso significa que grande parte do tempo, o teleférico não está funcionando, pois, felizmente, eles levam a segurança em relação ao vento muito a sério. Portanto, você precisa deixar seu roteiro relativamente flexível: caso o teleférico da Table Mountain esteja funcionando, corra imediatamente para lá. No site da Table Mountain você fica sabendo facilmente se está aberto ou não. Lá tem o valor do ticket do teleférico também. Desde seu primeiro dia, cheque a todo instante esse site se sua intenção é conhecer essa que é uma das 7 maravilhas naturais do mundo!
Eu deixo também 2 sites úteis para checar o vento, que será tão importante para essa viagem: WindGuru e WindReport. Eu olhava toda hora e estava preparada para correr para a Table Mountain assim que o vento parasse.
Continuando o roteiro:
Fiquei cerca de meio período passeando no V & A Waterfront. Quando estava chegando o horário do por do sol, peguei um Uber até Signal Hill.
O Signal Hill é um dos excelentes pontos para se assistir ao por do sol em Cape Town. É uma colina bem na região central da cidade, de fácil acesso de carro. O por do sol desse mirante é maravilhoso. De lá se avistam muito bem a Table Mountain e a Lions Head. Quando visitei o local estava cheio de turistas, vários deles deitados apreciando o espetáculo, alguns até levaram vinho para degustar nesse momento. O Uber, que não era bobo nem nada, me esperou para ganhar também a corrida de volta, e combinei o mesmo valor da ida.
Dia 2: Muizenberg, Kalk Bay Harbour, Boulders Beach (+ Foxy Beach), Cabo da Boa Esperança (+ Cape Point), Cape Point Ostrich Farm, Chapman’s Peak Drive
O vento não estava bom para visitar a Table Mountain. Então o plano foi chamar o motorista que contratei e seguir um dos roteiros que fechei com ele.
A primeira parada foi Muizenberg, que é a famosa praia de casinhas coloridas, a cerca de 25 km de Cape Town. A praia em si não é tão bonita, mas as casinhas fazem o charme do lugar. Na verdade elas são construídas para os banhistas se trocarem e usarem como se fossem sua barraca de praia. É uma parada rápida, mas gostei bastante.
Perdão ao meu motorista, eu acho que o nome dele é Nomore, mas fiquei confusa quando ele pronunciou. Então, durante este relato, vou me referir a ele como Nomore.
Nomore fez uma parada rápida em um lugar que não estava em meu roteiro, mas achei uma boa escolha, o Kalk Bay Harbour, uma espécie de porto onde é muito fácil avistar leões-marinhos. Eles adoram ficar por lá, pois sempre conseguem alguns peixes com os pescadores.
A parada seguinte era uma das mais esperadas do dia, a Boulders Beach. Essa pequena praia é famosa por ser um lugar de preservação de pinguins. É preciso pagar cerca de 150 Rands para acessar o local. Depois de entrar, você andará por 500 metros em uma passarela de madeira, que isola a praia onde estão os pinguins dos visitantes. No entanto, a vista é bem próxima, sendo uma experiência e tanto! Realmente são milhaaares de pinguins!
Depois de sair da Boulders Beach, em vez de retornar à portaria, vá para a esquerda e caminhe por mais 500 metros. Você chegará à Foxy Beach, essa sim uma praia que você pode acessar a areia e até nadar se quiser. Como ela fica perto da Boulders Beach, geralmente há pinguins lá também.
Essa visita também é relativamente rápida, por isso é tranquilo encaixar todos os pontos que menciono nesse dia do roteiro em um único dia.
Se quiser saber mais sobre a colônia de pinguins africanos, acesse o site do Table Mountain National Park.
Cerca de 25 km à frente fomos a outro ponto esperadíssimo do dia, se não o principal: o Cabo da Boa Esperança! Esse é um ponto imperdível na sua visita a Cape Town, onde o Oceano Atlântico encontra o Oceano Índico!
No caminho avistei alguns antílopes, o que já foi bem interessante. Ressalto que tome cuidado com os babuínos. Eles não são tímidos, e atacam as pessoas para roubar comida. Não os alimente e cuidado com seus pertences.
Você pode escolher iniciar a visita pelo Cabo da Boa Esperança em si ou pelo Cape Point. Ambos são lugares de paisagens belíssimas. E prepare-se para muito vento (não é à toa que o local ficou, no passado, conhecido como Cabo das Tormentas pelo navegador português Bartolomeu Dias)! A entrada no parque custa cerca de 303 Rands.
Minha primeira parada foi o Cape Point, onde há um pequeno farol. É possível subir por um sistema funicular ou a pé. Eu subi a pé, são uns 15 minutos apenas. O farol histórico é lindo, e a vista é incrível.
Desse ponto, é possível ir até o Cabo da Boa Esperança ou de carro ou por trilha. Da base do Cape Point até a placa do Cabo da Boa Esperança são 1,6 km, em uma passarela de madeira que costeia a praia. A vista é estonteante (e cheia de vento). No caminho você pode descer por uma escadaria até a Dias Beach. Com várias paradas que fiz, devo ter levado cerca de 40 minutos nesse percurso. Como eu estava com o motorista, eu combinei que seguiria pela trilha, e ele me encontraria no estacionamento do Cabo da Boa Esperança.
Achei a caminhada bem bonita, só é preciso tomar cuidado com o vento. Finalmente cheguei à famosa placa, que indica que o Cabo da Boa Esperança é o ponto mais ao sul da África. Pesquisando depois, descobri que o verdadeiro ponto mais ao sul é o Cape Agulhas, bem distante dali.
Se quiser mais informações sobre o Cabo da Boa esperança, veja no site do parque.
Saindo do parque, meu motorista fez uma parada em outro ponto não programado, a Cape Point Ostrich Farm, uma fazenda de avestruzes.
Finalmente, para finalizar o dia, retornamos pela icônica Chapman’s Peak Drive. Essa rodovia nem sempre está aberta, depende das condições metereológicas (você pode checar neste site se ela está aberta). O caminho tem vários mirantes belíssimos para o mar, sugiro que pare em muitos deles! É uma das rodovias cênicas mais lindas do mundo! São 9 km, com 114 curvas, e lindos penhascos e túneis escavados nas pedras. Há um pedágio de 47 Rands para entrar na rodovia.
Esse foi um dia bem longo, mas pelas belezas vistas, nem um pouco cansativo, mas sim inesquecível!
Dia 3: Vinícolas em Franschhoek, Stellenbosch e Paarl
Mais um dia com vento na Table Mountain. Chamei o motorista para o segundo passeio contratado com ele: conhecer as cidades de Franschhoek, Stellenbosch e Paarl, onde ficam famosas vinícolas sul-africanas, a cerca de 50 km da capital. Com ressaltei antes no relato, nesse dia é importante que você não esteja dirigindo, pois as degustações são bem servidas e é bem perigoso dirigir nessas condições.
Há cerca de 200 vinícolas nessa região e é difícil escolher quais visitar. Se você ama muito vinhos, sugiro que durma na região para fazer mais de um dia de tour. Para mim, um dia foi suficiente.
Eu não precisei fazer reserva em nenhuma das vinícolas que visitei. A primeira vinícola visitada foi a Babylonstoren. Eu acabei não fazendo visitas guiadas nas vinícolas, fiquei só no “wine tasting”. Como funciona: você paga um valor relativamente baixo, na faixa de uns 20 reais, em cada vinícola e prova de 3 a 5 tipos de vinhos.
Em todas as vinícolas que visitei, havia uma paisagem sensacional com montanhas atrás das parreiras, formando um visual perfeito!
A África do Sul tem um vinho de uma uva própria do país, o Pinotage. Não deixe de experimentar. Eu não fiz compras de vinho nesse dia, para evitar carregar as garrafas pelo restante da viagem. Isso porque é possível comprar pelo mesmo preço e encontrar a mesma variedade em qualquer mercado ou então no free shop do aeroporto na hora de ir embora, opção que escolhi (voltei com 9 garrafas!).
Se você estiver sem carro, existe um serviço de hop-on-hop-off em uma espécie de bondinho que sai da cidade de Franschhoek, o WineTram.
Minha segunda parada foi a vinícola Anthonij Rupert. Todas as vinícolas são casarões maravilhosos, com paisagens parecendo ter saído de um filme!
E dá-lhe mais degustação! Eu não sou uma boa bebedora de vinho acabei me esquecendo de beber água entre cada degustação!
A terceira parada foi a Boschendal, pois após tanto vinho eu precisava de uma degustação que incluísse queijos e chocolates e essa me foi ideal!
Daí já era vinho demais para esta viajante que não bebe, e pedi ao motorista que me levasse em uma vinícola que tivesse uma paisagem muito estonteante. Ele me levou na Delaire Graff Estate. A vista das parreiras com as montanhas atrás realmente é belíssima!
Existem muitas outras vinícolas incríveis na região (mais de 200), e como não entendo de vinhos não sei indicar além dessas que visitei. Porém, outros nomes de vinícolas são: La Motte, Overture Restaurant, Waterford Wine Estate, Tokara, Haute Cabrière, Rust en Vrède, Asara Wine Estate, Kleine Zalze, Alluvia, Hartenberg, Stellenrust, Guardian Peak, Plaisir de Merle, Groot Constantia, Stark-Condé, Ernie Els etc.
Nesse dia eu descobri o que significa ficar tonta e alegre de vinho!
Dia 4: snorkel com focas em Hout Bay e Table Mountain
Em eu quarto dia eu tinha uma reserva feita com antecedência para um passeio bem diferente: um snorkel com focas em Hout Bay.
O agendamento foi feito no site da Animal Ocean. Entre no site para ver valores e como funciona a atividade.
Fui de Uber até Hout Bay, de onde se inicia o passeio. Na Animal Ocean provei uma roupa de Neoprene que cobria até a cabeça. Isso porque a água no mar da África do Sul é extremamente gelada. Saí de barco com um grupo até onde ficam as focas.
A agência ressalta que não alimenta as focas, que elas interagem com as pessoas em seus próprios termos. Chegando ao ponto onde ficam as focas, pulamos na água e os bichinhos, curiosos, nadavam em volta de mim. Foi muito interessante e curiosa a experiência.
Essa experiência acontece entre novembro em abril, mas depende das condições climáticas. Os guias eram bastante responsáveis e explicaram tudo direitinho. Ressaltam também que nessa região não há tubarões.
Depois da atividade, mais ou menos na hora do almoço, na volta para Cape Town, consultei novamente o site da Table Mountain e, para minha surpresa, o teleférico estava aberto!!!!
Então eu não podia perder essa oportunidade de maneira alguma, pois vai saber se o vento daria novamente uma trégua!
Meu plano para a Table Mountain: subir pela trilha, assistir ao por do sol e voltar no último horário de teleférico que houvesse.
A Table Mountain, que é comparada ao Pão-de-Açúcar da África do Sul, conta com o sistema de teleférico, que funciona normalmente das 8h às 17h no inverno e até às 19h no verão. O valor é de 200 Rands só um trecho ou 300 se você não quiser fazer a trilha, mas comprar ida e volta de teleférico. Ela está a 1086 metros acima do nível do mar. Seu topo tem extensão de cerca de 3 km.
Existem 5 trilhas de acesso à Table Mountain. A mais tranquila é a Platteklip Gorge. São cerca de 2 km de trilha na subida, percorridos em cerca de 2 a 3 horas. A trilha que é considerada a mais difícil é a India Venster. Só siga por ela se for bastante experiente em trilhas.
No site da Table Mountain você pode ver alguns mapas das trilhas. Eu fiz a Platteklip Gorge, que é autoguiada. Onde há bifurcações, existem placas de sinalização. Comprei lanche e água antes de iniciá-la, e havia muitas outras pessoas fazendo a trilha. Então não estive sozinha em momento algum durante a subida. É importante, para todas as montanhas, levar casaco corta-vento, pois nunca se sabe com estará o vento lá em cima.
Ao chegar no topo há uma bifurcação: para a esquerda, você acessa o ponto mais alto da Table Mountain, o Maclear’s Beacon. Para a direita, você chegará no ponto onde o teleférico para, e há lojinhas e restaurantes.
Eu segui para a esquerda, numa caminhada que levou mais uma meia hora. Fui junto com uma família norueguesa e fomos conversando o caminho todo. Quando chegamos no ponto, a família retornou e eu resolvi ficar mais um pouco com outras pessoas que havia lá.
De repente, as pessoas haviam sumido! E como fui conversando, me distraí do caminho e não sabia mais voltar! Entrei um pouco em pânico e vi pessoas caminhando mais abaixo (eu estava no ponto mais alto). Sem achar a trilha, me agarrei nuns arbustos e desci pelas pedras mesmo, alcançando as pessoas que vi.
Eu não sabia da distância lá no topo (mais 2 a 3 km, agora no plano), e passei esse tempo bem preocupada caminhando sem saber quanto faltava. Portanto, não façam como esta trilheira desavisada, não vão sozinhos, ou se estiverem sozinhos, se juntem com outras pessoas pelo caminho e não desgrudem delas!
Depois de parar em mil mirantes espetaculares, finalmente cheguei ao ponto do teleférico e fui almoçar no restaurante. Quando achei que tinha um tempo para curtir e fazer fotos antes do por do sol, aconteceu o que não imaginei: uma sirene começou a soar! O que isso significava? Que o vento piorou de novo e esse seria o último teleférico do dia para descer! Bem antes do por do sol! Se eu não embarcasse nele, teria de fatalmente voltar pela trilha, e pelo cansaço que eu estava (fora a possibilidade de voltar sozinha quase escurecendo), resolvi largar o resto do meu almoço e voar para dentro do teleférico!
Portanto, se você subiu, leve lanterna e imagine que o clima pode mudar e você precisar descer por trilha.
A viagem de teleférico dura apenas 5 minutos e tem mais vistas incríveis.
Na época que fiz essa viagem eu não estava muito esperta com mapas, mas como tinha internet, usei alguns aplicativos como o Maps.me e mesmo o Google Maps, e ambos mostram bem as trilhas.
Pelo que pesquisei depois, lá em cima da Table Mountain há várias trilhas (por isso até me perdi): a Dassie Walk, de 15 minutos; a Ágama Walk, de 30 minutos; e a Klipspringer Walk, de 45 minutos, todas de nível fácil.
Apesar da minha confusão, se você gosta de trilhas, recomendo muito fazer um trecho da Table Mountain por trilha e outro de teleférico.
Dia 5: Lion’s Head, Clifton Beach, Camps Bay Beach, Promenade
Mesmo depois do dia anterior, esta amante de trekking estava sedenta ainda por trilhas e foi fazer a Lion’s Head, trilha com cerca de 1 hora de ida, mas bem mais tranquila que a Table Mountain, apesar de ser só subida.
Como na trilha da Table Mountain, a trilha da Lion’s Head estava bem cheia de trilheiros e não estive sozinha em momento algum. O caminho é totalmente autoguiado. Chegando lá em cima, tem-se uma visão 360º belíssima de praias de águas muito azuis!
Minha ideia era conhecer a Wally’s Cave também, uma caverna lá em cima que abre um janelão para a paisagem. Porém, devido a desbarrancamentos, na ocasião de minha visita o lugar estava fechado.
Logo no início da trilha você terá uma vista maravilhosa da Table Mountain, e depois da praia de Camps Bay e seus Doze Apóstolos (as montanhas). Em dado momento da trilha há uma bifurcação, um lado leva a um caminho um pouquinho mais tranquilo, e outro leva para uma opção mais difícil. Eu fui pelo mais fácil e acabei voltando pelo mais difícil, mas como estou acostumada com trilhas, achei este último ok também. Esse caminho é considerado mais difícil por precisar se segurar por algumas correntes e conter escadas. O outro caminho é uma trilha comum.
O dia estava bem quente, e quando desci da montanha só pensava em me atirar no mar de águas azuis que via lá de cima! E a praia mais azul que vi foi a esplêndida Clifton Beach. Desci toda a trilha, passando por uma área cheia de mansões já próxima à praia.
A Clifton Beach é dividida em 4 trechos diferentes. Depois de dar meu belo mergulho nas águas geladíssimas sul-africanas, segui para a esquerda (de quem olha o mar) e parei em um belíssimo ponto de onde se avistam os 12 Apóstolos, que são as montanhas que ficam atrás da Camps Bay Beach. Esta praia já é bem mais badalada, com uma orla cheia de bares e restaurantes.
Como não bastava de caminhada para mim, resolvi caminhar pela linda orla até o Promenade, um excelente ponto para se assistir ao por do sol. Finalizei meu dia com mais este por do sol e voltei de Uber para o hostel.
Dia 6: Devil’s Peak, Woodstock Cave, Jardim Botânico Kirstenbosch
Ainda inspirada em fazer trilhas, peguei um Uber para fazer a trilha da Devil’s Peak. Ela se inicia num lugar chamado Rhodes Memorial, um memorial feito para o político sul-africano nascido na Inglaterra Cecil John Rhodes (1853–1902).
Na verdade, como eu não pude visitar a Wally’s Cave na Lion’s Head no dia anterior por estar fechada, decidi que meu objetivo final deste dia não era o cume da Devil’s Peak, mas sim a Woodstock Cave.
O percurso é de 2,7 km de ida. Na verdade, todas essas trilhas são interligadas, dá para sair da Platteklip Gorge e acessar também esta trilha da Devil’s Peak. Assim como tem uma trilha que passa na Devil’s Peak e vai para o jardim botânico Kirstenbosch. Qualquer trilha que você decida fazer, sugiro que pelo menos abra no Google Maps para estudar o caminho. Eu como tinha internet acabei seguindo o percurso pelo Google Maps para fazer essa trilha para a Woodstock Cave.
Diferente das outras trilhas que fiz, essa aqui é bem isolada e nela cheguei a ter certo receio de fazer sozinha. Não façam como eu, se isso acontecer, contratem um guia. Estou aqui para dar mau exemplo!
No caminho encontrei uma ou outra sinalização e uma ou outra pessoa fazendo trilhas. Uma das pessoas era um homem com a filhinha, e segui com eles até a King’s Blockhouse. Tem uns trechos dessas trilhas que dá para fazer de bike também, e encontrei alguns ciclistas. Até a King’s Blockhouse é metade do percurso. Depois, não encontrei sinalização para a caverna e tentei encontrar pelo Google Maps. As outras pessoas do caminho ficaram nesse último ponto que mencionei, e segui sozinha para achar minha caverna.
A trilha no geral é tranquila, bem mais que as dos dias anteriores, não há tanta subida como nelas. Com a ajuda do Google Maps, depois de andar achando que estava no caminho errado, finalmente encontrei uma placa falando da Woodstock Cave. Assustadoramente, eu ouvia uma espécie de canto ou reza com sonoridade árabe e sabia que era uma pessoa ecoando da caverna que eu buscava. Senti certo medo, mas tinha um objetivo a alcançar.
Depois que encontrei a placa foi bem fácil achar a caverna. Realmente tinha um cara lá rezando no cantinho. Infelizmente esse dia estava com mais neblina que os anteriores, e a vista não estava completamente limpa. Fiz minhas fotos com um olho na câmera e outro olho no cara que rezava na caverna. Depois descobri que lá é um lugar comum para as pessoas rezarem.
A vista do lugar é muito bonita, mas a beleza da Table Mountain e da Lion’s Head ainda ganha, então faça essa trilha só se estiver com tempo.
Como era mais distante, resolvi retornar ao Rhodes Memorial e chamar um Uber para ir ao Jardim Botânico Kirstenbosch.
A entrada no Kirstenbosch custa 75 Rands. Lá dentro existem diversos caminhos a percorrer, com jardins maravilhosos, árvores centenárias e plantas de todo o país. É um lugar bem bonito!
Fui direto ao Centenary Tree Canopy Walkway, que é uma passarela suspensa que passa perto da copa das árvores.
Dia 7: Free Walking Tour no centro
Em meu último dia precisava ir ao aeroporto e tinha menos tempo. Por isso aproveitei para passar no centro de Cape Town. Percorri uma feirinha de artesanato e encontrei um grupo de Free Walking Tour iniciando e participei. Foi bem interessante saber alguns dados históricos da África do Sul.
Em um futuro
Apesar de eu ter 7 dias na região faltou fazer muita coisa.
Por exemplo, o que mais me atrai é um dia fazer a Garden Route, partindo de Cape Town até Elisabeth Town. Outra coisa que não fiz foi o tour à Robben Island, guiado por um ex-preso político pela ilha onde Nelson Mandela ficou preso por anos (passeio que deve ser comprado com antecedência pela internet). Eu não fiz o passeio para ver o tubarão branco em Gansbaai, mas por falta de interesse na atividade.
Existem alguns bike tours que parecem bem interessantes em Cape Town, como estes. Fora isso, deve ser ótimo pedalar pela orla da praia toda. Eu só fiz o tour guiado no centro de Cape Town, faltou conhecer os bairros de Bo-Kaap (o famoso bairro de casas coloridas) e District Six. Também não fui a outras praias, como a Llanduno Beach, e não visitei o Castle of Good Hope ou o District Six Museum.
Adorei o texto. Tinha dúvidas em ir. Agora irei com certeza. Obrigado!
Que bom! Obrigada por visitar meu site e volte sempre!