Por causa da distância, Diamantina é, muitas vezes, ofuscada por outras cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto e Tiradentes. Isso porque ela se localiza a 291 km de Belo Horizonte, ao contrário das outras, que são mais próximas da capital do estado. Porém, ela não deve em nada às outras cidades, tanto por fatores históricos como culturais e naturais, e é ponto de partida da Estrada Real.
Assim como em outras cidades históricas de MG, a formação da cidade está ligada à exploração do ouro e do diamante, o que, mais tarde, acarretou o nome do local. Foi mais ou menos em 1722 que iniciou-se o povoado, chamado Arraial do Tejuco, e, com sua expansão, Diamantina. Em 1938, o centro histórico foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e, no final da década de 1990, a Unesco reconheceu a cidade como Patrimônio Cultural da Humanidade (UAU!). Parte da história da cidade é lembrada pela presença de Chica da Silva, que viveu no local, bem como Juscelino Kubitschek.
Se você vai conhecer Diamantina, prepare-se para dizer muitas vezes que vai para Diamantina em MG, e não para a Chapada Diamantina, na Bahia! Esse roteiro é super interessante porque, além da parte da cidade histórica, Diamantina tem muitos atrativos naturais em volta, desde locais próximos até outros a 70 km. Passei 4 dias na região, e ainda faltou conhecer alguns lugares.
Diamantina pode ser acessada de carro (umas 4 ou 5h de BH, se quiser alugue um) ou de ônibus (chegando em Belo Horizonte, a Viação Pássaro Verde faz o trajeto). Se você estiver de carro poderá visitar todos os lugares com ele. Porém, se chegar de ônibus, caso queira conhecer mais que o centro histórico, sugiro que contrate um taxista local. Há agências de ecoturismo na cidade (Minhas Gerais e Arm Turismo), mas nem sempre é a opção mais barata. O melhor custo-benefício é conversar com sua hospedagem sobre o serviço dos taxistas. No caso me hospedei no Diamantina Hostel, e eles me ajudaram assim que cheguei à cidade com o contato com os taxistas. Um senhor, pai do Benício, também taxista, me atendeu com excelência. Fechei um “pacote” com ele, para 3 dias de passeio e compensou muito! Os contatos são esses: (38) 8811-8178, (38) 9918-0393, (38) 9187-8304, (38) 3531-2436. Para ele não tem tempo ruim, diz que com calma se passa em todos os tipos de estradas.
Um dos principais eventos culturais da cidade é a Vesperata. Nesse evento, músicos tocam um repertório popular das varandas das casas do centro histórico, e o público assiste da rua. Quando estive na cidade não teve esse evento, mas parece que ele ferve, até com venda de lugares em mesas. Geralmente acontece 2 sábados por mês de março a outubro, e você pode consultar a programação no Facebook da Vesperata.
Minha primeira parada foi a Gruta do Salitre, a 9,4 km de Diamantina e a 1 km do distrito de Curralinho. Formada de quartzito, o visual é impressionante, lembra o de um cânion, com seus paredões de até 64 metros de altura. De lá era extraído salitre para a fabricação de pólvora. A acústica dessa formação é incrível, tanto que já foi palco de concertos e cenário para produção de novelas, séries e filmes. É possível fazer rapel no local, desde que acompanhado por monitores credenciados.
Em seguida passamos pelo pequenino distrito de Curralinho, com apenas 200 habitantes, com suas casinhas históricas, que também já foi palco de gravação de novela. Depois, a 4 km de Diamantina está o Mirante Cruzeiro da Serra, acessado pela Rua Salto da Divisa, de onde se tem uma bela vista da cidade. Nessa parte passa o Caminho dos Escravos, construído por escravos e por onde escoava a extração de pedras e metais preciosos, parte da Estrada Real. Porém, caso queira fazer esse caminho, de 20 km, que atravessa o Parque Estadual do Biribiri e chega até o município de Mendanha, sugiro consultar moradores da região, pois li que parte do trajeto tem risco de assaltos, ou entrar em contato com a Asguitur (Associação de guias e condutores locais). Aqui está um ótimo relato da caminhada.
Daí seguimos para a Vila de Biribiri, que é parte do Parque Estadual do Biribiri (Facebook e site), na Serra do Espinhaço, a 15 km de Diamantina e também tombada pelo IPHAN (em 1998). O local foi construído em 1870 por conta de uma enorme fábrica de tecidos, que gerava muitos empregos. A fábrica funcionou até 1973, mas em seu auge mantinha 1200 funcionários. Hoje é uma charmosa vila e um ótimo local para almoçar antes de visitar os atrativos próximos: a cachoeira da Sentinela e a Cachoeira dos Cristais, as duas de fácil acesso.
A Cachoeira dos Cristais fica a 13 km da portaria do parque e é um ótimo poço para nadar. Já a Cachoeira da Sentinela, a 7 km da portaria do parque, tem vários poços para banho, com 1 a 5 metros. Não visitei, mas na região há sítios arqueológicos com pinturas rupestres.
Em meu segundo dia fizemos um bate-volta para o distrito de Conselheiro Mata, a 49 km de Diamantina, dos quais 36 são de estrada de terra em boas condições. A região tem diversas cachoeiras, como a Cachoeira das Fadas, a das Andorinhas, a do Triângulo, a dos Três Desejos, a do Telésforo, o Poço das Sereias, do Tombador, da Vaca Brava, da Usina, Olhos D’ Água e outras.
Primeiro visitamos a Cachoeira do Telésforo. De Conselheiro Mata até ela são 16 km de estrada de terra, que no geral é boa, talvez só seja um pouco difícil em dias de chuva (a 2 km antes de chegar em Conselheiro Mata há uma placa). Paguei R$ 10,00 para entrar na propriedade e visitar a cachoeira. Era possível pagar outro valor e acampar no local, onde encontrei várias famílias fazendo seu almoço. O lugar é lindo, a paisagem é muito melhor que nas fotos! O rio forma uma espécie de praia, com areia e tudo, e é possível sentar nos “degraus” formados pela cachoeira.
Depois fomos atrás da Cachoeira das Fadas. Chegando em Conselheiro Mata, pergunte pelo caminho passando pela Escola de Conselheiro Mata e pelo Nasfadas Ecohostel. A trilha é curta, cerca de 20 a 30 minutos, mas uma boa descida, apesar de não ser muito difícil. Cercada por vegetação, a queda tem 35 metros de altura e um poço excelente para nadar. Acredito que poderia aproveitar mais Conselheiro Mata me hospedando por lá e, assim, conhecendo as outras cachoeiras da região.
No terceiro dia fizemos um bate-volta para o Parque Estadual do Rio Preto, em São Gonçalo do Rio Preto (Facebook e site), a cerca de 63 km de Diamantina, mas também na Serra do Espinhaço. O parque fica a 15 km da cidade, e se você tiver chegado a São Gonçalo do Rio Preto de ônibus terá que pegar um táxi para o parque. Ele tem uma infraestrutura excelente para o visitante. É obrigatório guia, mas você paga somente um valor para entrada no parque (quando fui custou R$ 7,00). Antes de iniciar a caminhada é necessário assistir um vídeo institucional. Caso queira se hospedar no camping ou no alojamento é preciso entrar em contato previamente, mas os valores são muito bons! O local funciona de terça a domingo das 7h às 17h e conta com restaurante para depois do passeio.
Há alguns poços para banho de fácil acesso, alguns mirantes e até pinturas rupestres. A trilha principal exige um certo condicionamento, tem 9 km de extensão, passando pela Cachoeira Sempre-Viva e pela Cachoeira do Crioulo, além de vários mirantes. Para fazê-la, existem 3 horários de saída: 9h, 10h e 11h. Se chegar depois disso não é possível percorrê-la (eu pessoalmente acho que ela é a atração mais legal do parque, por isso se programe para chegar com antecedência a esses horários). A trilha segue por cima de uma serra até a Cachoeira do Crioulo, linda, com 30 metros de altura e uma vista belíssima de seu topo, além de um excelente poço para nadar. Depois, volta-se pelas pedras ao lado do leito do rio até a Cachoeira Sempre-Viva, com 15 metros de altura, sem poço para nadar, mas que escorre pelas pedras e forma quase um chuveiro natural. O Parque Estadual do Rio Preto é muito lindo e pode ser muito bem aproveitado se dormir lá, por conta das outras cachoeiras, poços e trilhas.
No quarto dia visitei o centro histórico de Diamantina. O cartão-postal da cidade é a Casa da Glória. São dois casarões, datados um do século XVIII e outro do século XIX, ligados por um passadiço de madeira. Ele já foi educandário e orfanato, mas hoje pertence ao Instituto de Geociências da UFMG e funciona como museu (todos os dias das 9h às 17h). Não deixe de andar pelo passadiço.
Descendo em direção ao centro histórico está a Igreja São Francisco de Assis (de 1775) e o casarão do Fórum. De lá, passa-se pela Casa de Juscelino, onde ele morou, mas que hoje funciona como um pequeno museu (R$ 5,00 de entrada).
A principal igreja da cidade é a Catedral Metropolitana de Santo Antônio, com arquitetura clássica, construída entre 1982 e 1940, substituindo a antiga igreja de Santo Antônio original. No caminho você passará por um curioso chafariz. Perto da Catedral está o pequeno Museu do Diamante, que é um pouco escondido, mas bem interessante, com acervo dos séculos XVII a XIX. Próximo a ele está a Casa da Chica da Silva, onde ela morou entre 1763 e 1771.
Depois, desça para o Mercado Municipal, ou Mercado Velho, ou Mercado dos Tropeiros, que foi um ponto de encontro de troca de mercadorias. Hoje lá são vendidos produtos artesanais e pratos típicos. À noite inclusive tem música ao vivo. Após isso você pode passar na Capela Imperial do Amparo. Há também a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Igreja Nossa Senhora das Mercês, a Basílica Sagrado Coração de Jesus e a Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Faltou visitar o povoado de Milho Verde, com diversas cachoeiras, como a Cachoeira do Moinho, a Cachoeira Carijó, a Cachoeira do Piolho, dentre outras. Gostaria de ter feito a trilha no Cânion do Funil, a 61 km de Diamantina, subido no Pico do Itambé, além de outras pequenas cachoeiras isoladas próximas a Diamantina.
Abro um parêntese aqui para contar que, como Diamantina está na estrada real, existe um programa do Instituto Estrada Real muito interessante. Mediante preenchimento de formulário no site e 1 kg de alimento não perecível você retira o passaporte da Estrada Real gratuitamente. Ao visitar as cidades pertencentes à estrada (listadas no site), você carimba esse passaporte com o desenho do principal atrativo da cidade (são muito fofos os carimbos!). Ao carimbar um certo número de cidades você ganha um certificado (10 carimbos no Caminho dos Diamantes, ou 8 carimbos no Caminho Novo, ou 14 carimbos no Caminho Velho, ou 4 carimbos no Caminho de Sabarabuçu). Você pode retirar o passaporte e obter carimbos em qualquer cidade listada no site, verifique os endereços.
Diamantina foi uma grata surpresa, que pretendo voltar para conhecer os atrativos que faltaram e aproveitar mais tempo nos locais.
Olá Sabrina, obrigada pelas dicas iremos no feriados de novembro agora!!!!
Wow, vão adorar! Espero que tenham achado a informação que procuravam neste post, se não me avisem, q passo o contato direto!
Olá Sabrina.Que post bacana,muito obrigada pelas dicas,estamos planejando ir.Para fazer esse roteiro onde é melhor se hospedar?
Oi, Claudilene! Tudo bem? Penso que é bom se hospedar em Diamantina, fácil acesso aos arredores mencionados e com hospedagens para todos os gostos. Boa viagem e obrigada por visitar meu site!
Amei! Adoro colecionar predras, você observou se tem pedras ou cristais nas cachoriras, ou nas trilhas? Pretendo ir na próxima semana, lindo sei post bj
Nossa, não reparei rs Geralmente tem…. Muito obrigada por visitar meu site e volte sempre! Tenha uma excelente viagem!
Adorei as dicas! Estou pensando em conhecer a cidade.
Vai sim, achei maravilhosa, com certeza vc vai amar!