O Grand Canyon é um dos parques mais visitados dos Estados Unidos, e não é à toa: é de uma beleza cênica inigualável! Certamente é um dos lugares mais impressionantes do mundo!
O Grand Canyon National Park, no estado do Arizona, é dividido em 3 áreas: Grand Canyon West, South Rim e North Rim.
A parte oeste (Grand Canyon West) é a mais próxima de Las Vegas, ponto de início da maioria dos visitantes, a 200 km de distância. Porém, todas as pesquisas que fiz apontaram esse local como o pior para se visitar, praticamente um “pega turista”, por ser a região menos bonita, mais cara e com mais dificuldade de se fazer fotos. Isso porque é proibido entrar com câmeras no Skywalk, a passarela de vidro que funciona como mirante. E porque o valor de entrada é de quase 50 dólares por pessoa (80 se quiser acessar a Skywalk)! No entanto, muitos visitam pela possibilidade de uma visão do Grand Canyon em um bate-volta de Las Vegas.
A parte mais interessante do parque é o South Rim, mas este fica a 440 km de Las Vegas, impossibilitando um bate-volta (apesar de eu ter visto algumas pessoas fazendo). O período mínimo de visitação que recomendo é de 3 dias, que será o descrito neste relato.
O South Rim é a região com maior infraestrutura do Grand Canyon, com diversas opções de hospedagens e restaurantes, e é a parte mais visitada do parque. Ele funciona 24h durante o ano todo, porém, o inverno pode dificultar a visita pela acessibilidade das rodovias (neva no Grand Canyon!), por isso o período de maio a outubro talvez seja o mais agradável. Já o North Rim só funciona de 15 de maio a 15 de outubro, tem acesso mais difícil e é mais isolado.
A entrada no parque custa 30 dólares por carro (para dividir entre os passageiros) e vale por 1 semana. A tarifa abrange tanto o South Rim quanto o North Rim. Para dúvidas e tarifas sempre atualizadas, consulte o site. Se além do Grand Canyon você pretende visitar outros parques dos EUA, de repente pode valer a pena comprar o passe anual, que vale para visitar todos os parques do país e por 1 ano. Ele custa 80 dólares, ou seja, se você for visitar 3 parques nos Estados Unidos já vale a pena (ou se for ficar mais de 1 semana em 1 parque e visitar mais um outro).
Como chegar?
De carro: A melhor forma de visitar o Grand Canyon é alugar um carro. As estradas são ótimas e funciona muito bem se estiver em mais de uma pessoa para dividir os custos. Assim você poderá visitar todos os pontos que desejar, ficando o tempo que quiser.
De avião: Porém, se realmente não puder/não quiser/não dirigir, há algumas outras maneiras de ir. Por exemplo, o aeroporto mais próximo fica na cidade de Flagstaff, a 131 km da entrada do South Rim.
De ônibus: Há empresas de ônibus como a Greyhound que fazem vários percursos úteis, como por exemplo o de Las Vegas a Flagstaff.
De trem: Você também pode ir de trem com a Amtrak. Essa empresa faz diversos trechos interessantes de trem pelos EUA. Coloquei na pesquisa e encontrei a opção de sair de Las Vegas e chegar tanto em Williams quanto a Flagstaff (mas vi que o trem sai inicialmente de Los Angeles!).
De tour: Outra opção é pegar um tour diretamente em Las Vegas. Há várias empresas que oferecem, como por exemplo a One Day Tours.
E de Flagstaff e Williams?
De shuttle: Existem empresas que fazem shuttle para o parque, como a Arizona Shuttle. A Grand Canyon Shuttles também faz esse percurso, além de também circular entre o South Rim e o North Rim. Já a Trans-Canyon Shuttle faz só o percurso entre o sul e o norte.
De trem: Se quiser continuar de trem, de Williams ao Grand Canyon há a opção da Grand Canyon Railway.
Meu plano para os 3 dias foi sair de carro alugado de Las Vegas, dirigir por um trecho da famosa Rota 66 que corta a região, visitar o South Rim, subir para a parte leste e daí retornar a Las Vegas pelo norte. Esse tempo foi suficiente para visitar os mirantes mais populares e voltar feliz da vida! Porém, isso me deu uma vontade de quero mais e como amante de trilhas gostaria de ter passado mais tempo para aproveitar outras inúmeras possibilidades que a região oferece (comentarei sobre algumas delas mais à frente no relato).
Para visualizar melhor meu tour, veja o mapa:
No primeiro dia, saí de Las Vegas. Pensava em passar na represa Hoover Dam. Ela fica a 54 km de Las Vegas. Porém, como tinha 348 km para dirigir até Williams, onde iria me hospedar, e estava apenas no começo do percurso, acabei limando a visita à famosa represa.
Passando direto, segui para a cidade de Kingman. Essa pequena cidade é conhecida por ser o coração da Rota 66, e foi meu ponto de acesso a essa rodovia. Isso significa que, nesse ponto a caminho do South Rim, você pode tanto seguir pela rodovia comum quando fazer um desvio e ir pela Rota 66 (o que aumenta pouca coisa o percurso, cerca de 25 km). Todas as cidades que passam pela Rota 66 têm um ar de mistura de faroeste com anos 60, é tudo encantador! Sempre haverá algo que remeta à parte histórica. Inclusive acabei comprando, pelo caminho, um livro que fala sobre todas as cidades fantasmas que existem ao longo da rodovia, o que deve ser um tour muito interessante!
Em Kingman há um museu sobre a Rota 66, o Arizona Route 66 Museum (site do museu e site da cidade sobre o museu). No site de Kingman você pode também verificar outros atrativos da cidade, bem como os eventos. No site Road Site América você pode abrir mapas dos estados dos EUA que mostram muitos dos atrativos do país todo (esta parte mostra no Arizona).
Quando cheguei a Kingman tive que perguntar o caminho para a Rota 66, pois não encontrei placas pode onde passei (viajei com um GPS tradicional, que apontava o caminho pela rodovia principal e não mostrava o desvio). Localizada e finalmente na Rota 66, fiz uma parada em Peach Springs, onde há algumas lojas de souvenir e um antigo posto de gasolina abandonado, que é importante historicamente para a Rota 66. Nessa região também é possível visitar as Grand Canyon Caverns.
Depois segui para a encantadora Seligman, uma minúscula cidade considerada o local de nascimento da Rota 66 e composta apenas de uma rua. O charme de Seligman é que ela inspirou a animação Carros, da Pixar, e é cheia de carros antigos que lembram o desenho (até colocaram “olhos” em alguns depois da animação).
Continuando saí da Rota 66 e cheguei a Williams, outra grata surpresa. Isso porque é um sonho de lugar, parecia que eu estava em um filme de faroeste! Tudo remete à Rota 66! Como relatei, essa seria a porta de entrada para o Grand Canyon, pois muitas pessoas se dirigem a essa cidade de trem ou ônibus para visitar o parque. Alguns visitantes seguem mais 53 km e dormem em Flagstaff também.
Eu me hospedei em Williams, a 86 km do South Rim, onde encontrei o melhor custo-benefício. Algumas pessoas se hospedam em Tusayan (a 28 km da entrada do parque). E outras, se hospedam nos Lodges e campings dentro do parque, embora essa reserva seja bem difícil de ser conseguida, pois assim que abrem as reservas, uns 9 ou 10 meses antes, elas se esgotam muito rapidamente (Xanterra e Grand Canyon Lodges). Existem alguns campings também, mas ouvi dizer que a velocidade de esgotamento de vagas é a mesma dos lodges (Camping 1 e Camping 2), ou este que não aceita reservas e as vagas são de quem chegar primeiro (Camping 3), ou estes fora do parque (Camping 4 e Camping 5).
Eu fiquei em Williams por ser o mais barato e com vagas disponíveis quando reservei. Aproveite a cidade também para abastecer seu carro, pois há muito poucas opções de postos de gasolina no Grand Canyon e é um local muito isolado. Em Tusayan também há um posto de gasolina, mas sempre é bom não arriscar.
DICA IMPORTANTÍSSIMA: sempre que ver um posto de gasolina abasteça! Principalmente se o nível do combustível chegar ao meio tanque. Afinal, você não quer ficar perdido no meio do nada por seu combustível ter acabado, sem sinal de celular. Os postos na maioria ficam muito distantes uns dos outros. Na dúvida abasteça!
Após deixar minha bagagem no hotel já era quase fim de tarde e segui para o South Rim num percurso de 1 hora, pois as luzes do sol ficam incríveis no Grand Canyon, é um excelente horário para uma rápida visita antes de escurecer. De Williams o centro de visitantes (Grand Canyon Village) fica na entrada sul do parque.
Chegando no parque há um estacionamento e um centro de visitantes. Há algumas áreas que seu carro pode circular, mas a melhor forma de apreciar os belíssimos mirantes é usando o eficiente sistema de ônibus gratuitos do parque. Há várias linhas (vermelha, azul, laranja e roxa) que passam em todos os mirantes a cada 15 minutos e você pode embarcar e desembarcar onde quiser. Aqui no site oficial você pode verificar o percurso de todas elas. Este mapa mostra os caminhos:
O interessante é pegar todos os percursos descendo em cada mirante até chegar ao Hermits Rest, a parte da rota mais cênica de todas (dá para fazer alguns trechos mais curtos entre as paradas a pé). Após o belo e rápido por do sol voltei para Williams para pernoitar, e no dia seguinte, com mais tempo, fiz esse tour completo com os ônibus até o Hermits Rest, aproveitando quase que o dia todo para isso. Atenção: se você estiver usando os ônibus do parque para ver o por do sol, fique atento aos horários, pois costumam encerrar 1 hora após o sol baixar.
Com muitos meses de antecedência é possível reservar passeios de helicóptero, trilhas, raftings, de mula e de bicicleta. Algumas opções para reservar passeios diferentes (Explore the Canyon para vários passeios e de bike Grand Canyon e Papillon e Maverick e Scenic). Aqui neste link oficial do parque estão, em cada modalidade, indicadas várias empresas que fazem esses passeios diferentes. Aqui estão 2 opções de trilhas mais longas (trilha 1 e trilha 2), e para acampar no caminho é preciso pedir autorização ao parque. Neste link do parque estão as trilhas de 1 dia. Quero muito voltar ao Grand Canyon para navegar num bote pelo Rio Colorado e para fazer trilhas! Caso queira reservar esses passeios entre em contato o quanto antes, pois no Grand Canyon há muitos tours que se esgotam com até 1 ou 2 anos de antecedência!
Nesse meu segundo dia já saí com as malas no carro. Após visitar todos os mirantes até o Hermits Rest, segui para ver meu por do sol do segundo dia. Peguei a rodovia Desert View até a Watchtower do Desert View, a 40 km do Grand Canyon Village (onde fica o centro de visitantes), na entrada leste do parque. Essa é uma parte mais isolada e uma outra opção incrível de passeio e por do sol. Não é possível chegar ao mirante do Desert View com os ônibus do parque. No caminho há alguns pontos de parada para ver a vista. Mas o melhor lugar para o por do sol é a Watchtower. Você pode entrar nela, pois funciona como um pequeno museu e loja de souvenirs, além de proporcionar uma vista 360º de cima.
Depois de um belo por do sol segui para minha segunda noite na região, na parte leste do Grand Canyon, na cidade de Page. Da Watchtower até Page são 176 km. Pelo mapa que postei acima, você pode ver que sigo para leste até cair numa rodovia principal (onde há placa indicando Page para a esquerda e Flagstaff para a direita). E depois há uma pequena saidinha da rodovia principal para pegar a que de fato vai a Page.
Agora vou contar, eu que gosto de viver fortes emoções, porque você realmeeente precisa abastecer seu carro toda vez que ver um posto de gasolina rs! Depois de muitos quilômetros passei por um posto nessa rodovia (loja de conveniência Gap Express 525). Estava com meio tanque e resolvi não parar, porque Page estava bem próxima, e eu poderia abastecer no dia seguinte. Prossegui conforme meu GPS indicou, mas eu avancei muito na rodovia, e chegou um determinado ponto em que a rodovia estava interrompida e eu era obrigada a virar à esquerda (no meu mapa é um caminho que indica para Jacob Lake). E o GPS mandava ir reto onde estava interrompido! Nervosa, segui pela rodovia à esquerda até um posto de gasolina. Mas esse era o único dos EUA inteiro que não funcionava com autoatendimento, onde você mesmo abastece e passa um cartão de crédito na bomba, mas sim um funcionário deveria liberar a bomba. Porém, o dito funcionário estava dentro da loja de conveniência que já estava fechada (eram 22h! e fazia frio e um vendaval) e se recusava a me atender (nos EUA eles são meio rígidos com isso de horário). Eu estava desesperada já. Depois de muito insistir ele disse que não ia mesmo me atender, mas que eu precisava voltar umas 40 milhas por onde vim, no tal posto de gasolina que eu subestimei, que era o mais próximo e era onde eu deveria ter virado para Page.
Saí desesperada pela rodovia e consegui chegar ao posto, já com menos de um quarto de tanque de combustível, e esse sim era como o tradicional nos EUA, autoatendimento! Ufa! E realmente bem no posto tinha uma pequena e discreta placa indicando Page à direita. Por isso não vi! Depois de tanta emoção cheguei rapidamente em minha hospedagem na cidade. Portanto, de novo o aviso: abasteeeeçam, minha gente!
No dia seguinte sai bem cedo para o passeio pré-agendado no Antelope Canyon, dentro de uma reserva dos índios Navajo. Como funciona? Você entra no site (Navajo Tours ou Antelope Canyon Tours e Antelope Canyon X) e agenda seu tour com antecedência de uns meses. Não precisei pagar nada para agendar, e recebi um e-mail de confirmação. O tour tradicional custa 40 dólares, mas eu juro que vale cada centavo! Não é possível fazer esse passeio sem um guia.
Meu tour durou 1 hora. Um carro me levou por um curto percurso até a entrada da formação. A luz entra pelas formações rochosas mostrando os tons avermelhados esculpidos pela ação da água há milhões de anos. Um guia te conduz pelo trajeto que deve ter uns 500 metros e mostra os curiosos formatos das rochas. É surreal!
Depois do tour fui visitar o Horseshoe Bend, outra fantástica atração no local. Ela fica num lugar meio escondido, mas perguntando consegui encontrar. O passeio é gratuito. Há um estacionamento, e de lá caminha-se por uma trilha de 1 km pela areia, é bem tranquilo. De repente, a visão da paisagem em forma de ferradura se revela num incrível mirante, um espetáculo da natureza!
Tanto o Antelope quanto o Horseshoe ficam bem próximos de Page.
Um passeio que não fiz foi o de barco pela Lake Powell Resorts & Marinas, que parece ser bem interessante.
Depois do Antelope e do Horseshoe caí na estrada pelos 439 km até Las Vegas, pois meu voo sairia na madrugada.
Como eu disse no começo desta postagem, outro motivo que eu gostaria de ter tido mais dias na região é que queria ter visitado: North Rim, Sedona, Zion National Park, Bryce Canyon, Monument Valley, Canyonlands National Park, Arches National Park, Capitol Reef National Park e as incríveis Havasu Falls (site oficial, agência 1 e agência 2), dentre muitos outros locais na região.
Por isso, a região vai deixar saudades e uma enorme vontade de voltar para conhecer tudo isso! O Grand Canyon tem possibilidades incríveis demais para se visitar só uma vez!
Excelente blog e explicações, adorei e vou seguir! Obrigada, Sabrina!
Muito obrigada por visitar meu site, Karina! Volte sempre e fique à vontade para tirar dúvidas.
Oi! Muito bom seu relato! Você chegou a se hospedar em Page? Ou fez o percurso Williams-Page-Las Vegas tudo em um dia mesmo?
Oláaa, muito obrigada! Sim, dormi uma noite em Williams e uma noite em Page. Acho muito corrido fazer direto assim sem dormir na região. Muito obrigada por visitar meu site e volte sempre!