O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu é um daqueles incríveis destinos para os amantes de natureza e de caminhadas em meio a cavernas. Fora isso, o parque abriga pinturas rupestres milenares, tornando o local uma experiência única que une natureza, história e cultura!
Com 56.400 hectares, essa Unidade de Conservação foi criada em 1999, mas aberta ao turismo somente em 2014. Localizado no norte de Minas Gerais, o parque abrange os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões. Além disso, ele faz parte do Circuito Turístico Velho Chico, pois a cidade de Itacarambi está às margens do Rio São Francisco e a região toda oferece roteiros ligados a esse importante rio.
Desde a criação do parque até sua abertura ao público foi feito todo um trabalho de criação das trilhas, passarelas e mirantes de modo a preservar a natureza local e os sítios arqueológicos. E houve também uma grande preocupação com o desenvolvimento sustentável do turismo na região, com treinamentos e cursos de capacitação junto às comunidades locais.
Há registro de ocupação humana de 12 mil anos atrás nessa área, e inscrições de até 9 mil anos!
O parque conta com diversas trilhas com variados graus de dificuldade. A entrada é gratuita, mas é obrigatória a contratação de um guia para percorrê-las. Assim, preserva-se o parque e preza-se pela segurança do visitante. Fora isso os guias dão uma aula sobre o local!
Guia
Eu reservei meu passeio com a RVC – Roteiros do Velho Chico (site e blog). O turismólogo e guia Leidson Nunes faz um trabalho incrível tanto de guiamento quanto de formação de condutores locais. Ele é um grande estudioso e pesquisador sobre cavernas, arte rupestre e meio ambiente. Por isso indico totalmente, tenho certeza de que o Leidson te dará uma grande aula de história, cultura e fauna e flora locais.
De qualquer forma, caso preferir também pode reservar um guia no site do ICMBio, agendando a visita pelo menos 3 dias antes (cavernas.peruacu@icmbio.gov.br).
Roteiro
Eu estive no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu por 4 dias. Geralmente os visitantes ficam de 1 a 4 dias (embora eu ache 1 dia inviável). A escolha de quantos dias ficar dependerá de quais trilhas quer fazer. Eu fiquei bem contente com as que fiz. A logística a seguir foi toda elaborada pelo meu guia, pois há diversas formas de combinar cada atrativo dependendo do tempo que se tem e do que se quer conhecer.
– Dia 1: Lapa dos Desenhos, Lapa do Rezar
– Dia 2: Lapa do Caboclo, Caminhos do Silú, Mirante Mata Seca, Mirante dos Cactos, Lapa do Carlúcio, Gruta Bonita, Lapa do Índio
– Dia 3: Lapa do Boquête, Mirante do Mundo Inteiro, Arco do André, Lapa do André, Lapa do Cascudo, Lapa dos Troncos
– Dia 4: Gruta do Janelão
Hospedagem
Geralmente quem busca mais estrutura fica na cidade de Januária. Porém, essa cidade fica há mais ou menos 50 km da entrada do parque. Por isso não acho uma boa opção para se hospedar por causa da distância a ser percorrida todos os dias até o parque.
Uma opção melhor é a cidade de Itacarambi, a 15 km da entrada do parque. É uma cidade menor, mas com toda estrutura necessária. Essa foi a opção que escolhi. Lá tem mercado para os lanches de trilha e bancos.
Ainda, há a opção de se hospedar numa pousada na comunidade do Fabião, já bem próxima à entrada do parque. Porém, nessa opção não há sinal de celular (mas você pode usar o Wi-fi da hospedagem) e pode haver mais insetos à noite, já que são hospedagens mais rurais; e não espere luxo. Porém, a experiência junto aos moradores é muito mais intensa. Apesar de eu não me hospedar nessa região, parei para almoçar todos os dias em restaurantes dessas pousadas e foi muito enriquecedor papear com as pessoas da região! Por isso em uma próxima oportunidade com certeza seria minha escolha, pois eu amo essa troca de experiências.
Porém, se você precisa de um pouco mais de conforto, ou opções de mercado e banco próximas, talvez seja melhor se hospedar em Itacarambi.
Como chegar
O aeroporto mais próximo é o de Montes Claros, a 215 km da entrada do parque. Chegando lá, a melhor opção é alugar um carro, pois você precisará dele tanto para o transporte de ida e volta quanto para circular até a entrada de cada trilha.
De carro, a viagem até o parque leva cerca de 3 horas, pois, apesar da rodovia em boas condições, são trechos rurais e não é recomendado correr muito na estrada, pois há vários animais de fazenda que às vezes saem para o asfalto.
Caso não alugue carro pode verificar com seu guia opções de roteiro que incluam transporte, mas isso encarecerá um pouco o valor.
Sem carro, é preciso pegar um ônibus de Montes Claros a Januária ou Itaracambi com a Transnorte ou a Gontijo. Você pode usar esta última viação também em um ônibus de Belo Horizonte a Januária (mas são cerca de 10 horas de viagem nesse caso).
Vamos ao meu relato!
Pousei em Montes Claros na véspera do início de meu roteiro à noite, cuidei da locação do carro e fiquei à espera da viajante que vinha de BH para me encontrar e fazermos parte da visita juntas. Fiquei muito feliz ao conhecê-la e descobrir uma companhia muito agradável! Eu estava com receio de dirigir à noite sozinha por essas estradas desconhecidas e dei sorte de ter companhia.
Deixe-a na Pousada Portal do Peruaçu, uma das próximas à entrada do parque, e segui para o Nacional Hotel, minha hospedagem em Itacarambi, chegando às 23h, porém tudo foi muito tranquilo.
Dia 1. Lapa dos Desenhos, Lapa do Rezar
Em meu primeiro dia encontrei meu guia Leidson, buscamos minha parceira dessa trip e fomos para o parque. Chegando lá paramos no centro de visitantes para nos informarmos sobre as regras do parque e assinar o termo de responsabilidade.
Após isso dirigi até a entrada da trilha. Dentro do parque todas as estradas são de terra, mas não achei trechos difíceis.
A primeira trilha foi para a Lapa dos Desenhos (lapa significa gruta). Essa primeira caminhada foi bem tranquila, a trilha tem 2.600 metros ida e volta. Ela margeia o Rio Peruaçu e, ao longo do caminho, pude admirar a flora e fauna locais.
Chegando na Lapa dos Desenhos já pude ter uma amostra surpreendente de um impressionante sítio arqueológico muito bem preservado, com técnicas de pintura rupestre da tradição São Francisco (tudo de 9 a 12 mil anos atrás). O guia explicará muito bem sobre cada técnica e não vou descrever para não estragar a surpresa!
A aproximação nessas áreas que exigem maior preservação é sempre caminhando sobre passarelas de madeira, de modo a conservar o local. Fora isso, nesses momentos próximos a encostas de pedra o guia sempre exigirá o uso de capacete (incluso no passeio), pois nunca se sabe se pode rolar alguma rocha do paredão de pedra.
Saindo de lá fomos para a Lapa do Rezar. As trilhas contêm algumas subidas, e inclusive uma grande escadaria de 500 degraus, mas no geral achei tranquilo subindo com calma. Chegando na Lapa do Rezar impressionei-me com o salão de entrada, com 90 metros de largura e 40 de altura. Na entrada da caverna há também algumas amostras de arte rupestre de diversos períodos de ocupação. Na caverna há interessantes formações de estalactites, estalagmites e outras. Essa trilha por si só teria ida e volta 2.400 metros, mas como eu cheguei pela Lapa dos Desenhos e voltei pela Lapa do Rezar, não sei ao certo o total de caminhada do dia.
Dia 2. Lapa do Caboclo, Caminhos do Silú, Mirante Mata Seca, Mirante dos Cactos, Lapa do Carlúcio, Gruta Bonita, Lapa do Índio
Em meu segundo dia fizemos um circuito com um pouco mais de atrativos. A primeira parada foi a Lapa do Caboclo, com figuras de arte rupestre da tradição Cabocla. Essa trilha em si tem 2.000 metros de distância ida e volta. Porém, continuei no meu “circuitão” do dia.
Os Caminhos do Silú abrangem a Lapa do Caboclo, o Mirante da Mata Seca, o Mirante dos Cactos e a Lapa do Carlúcio.
Portanto, minha segunda parada foi o Mirante da Mata Seca e, em seguida, o Mirante dos Cactos. Essas paradas foram interessantes para observar um pouco melhor a diversidade da natureza.
Depois chegamos à Lapa do Carlúcio, com seus enormes espeleotemas formados há milhares de anos.
A parada seguinte foi na Gruta Bonita, que não tem esse nome à toa, já que possui lindos espeleotemas bem variados. Achei ela uma das mais bonitas (como diz o nome) em relação às formações de caverna.
A última visita do dia foi a Lapa do Índio, um sítio arqueológico bem importante com figuras da tradição São Francisco.
Fechamos mais um dia gratificante num “almojanta” em uma das pousadas depois da entrada do parque. Além da ótima prosa com o dono da pousada, que me contou muitos “causos”, pude provar uma deliciosa iguaria deles, a banana à parmegiana!
Dia 3. Lapa do Boquête, Mirante do Mundo Inteiro, Arco do André, Lapa do André, Lapa do Cascudo, Lapa dos Troncos
Iniciamos o dia com a visita à Lapa do Boquête. Nesse sítio arqueológico foram encontrados alguns sepultamentos e foi encontrado um silo (estrutura para armazenar alimentos) pré-histórico. Essa trilha tem 1.200 metros ida e volta, sendo de nível fácil.
A próxima parada era um dos locais mais esperados da visita ao Peruaçu, mas antes paramos no Mirante do Mundo Inteiro. Desse mirante há uma vista privilegiada de parte do cânion do vale do Peruaçu.
Seguimos para o Arco do André, um dos locais pelo qual eu ansiava. Essa trilha toda é um pouco mais puxada que as outras do ponto de vista da distância, são 8 km ida e volta, além de ela ter mais subidas e descidas um pouco íngremes. Então vamos dizer que ela é para os mais aventureiros!
Chegando no Arco do André me deparei com um arco de seus 150 metros de altura, aparentando ter havido um desabamento milhões de anos antes. A visão é espetacular. É preciso bastante cuidado ao andar pelas rochas, há muitas pedras soltas. Porém, a grandiosidade do lugar realmente impressiona! Numa das saídas do arco há a Lapa do André, uma continuação para uma pequena caverna. Os raios de sol entrando pelas aberturas criam iluminações incríveis para os fotógrafos de plantão! Aliás, isso foi uma coisa que me impressionou no Peruaçu todo!
Saindo de lá fomos para a Lapa do Cascudo, reencontrando o Rio Peruaçu. Algo impressionante no Parque do Peruaçu são as “florestas” dentro das cavernas! A Lapa dos Troncos foi a parada seguinte, mas em ambas as cavernas pude fazer lindas fotos com o rio Peruaçu.
Voltei para Itacarambi e aproveitei o restante de luz do dia para dar uma conferida no Rio São Francisco, que passa pela cidade.
Dia 4. Gruta do Janelão
Triste por ser meu último dia, agora sim segui para outro dos atrativos mais esperados por mim no Peruaçu, o cartão-postal do parque: a Gruta do Janelão.
Essa caminhada tem 5 km de distância ida e volta, e é uma das mais impressionantes. No caminho passamos por uma área de pinturas rupestres, o Sítio Ateliê Janelão. Ao chegar na Gruta do Janelão fiquei de queixo caído com a belíssima paisagem que se formava na minha frente: o portal de entrada da caverna com aproximadamente 100 metros de altura!
A caverna é toda aberta, com diversas claraboias, inclusive uma em forma de coração!
Ao adentrar o local me deparei com salões e espeleotemas imensos! E uma natureza fantástica dentro da gruta! Uma das curiosidades é que lá encontramos o maior estalactite do mundo, com 28 metros, a chamada “perna da bailarina”.
A Gruta do Janelão rende fotos impressionantes, que não traduzem a beleza real do lugar! E assim fechei a trip para o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu com chave de ouro!
Após o passeio peguei estrada de volta para Montes Claros para pegar meu voo. Uma coisa interessante a se observar é que no caminho entre Montes Claros e Itacarambi há uma ponte que passa sobre o Rio São Francisco, formando uma paisagem muito bonita. Se passar durante o dia, admire a paisagem nesse trecho.
Essa visita maravilhosa vai deixar saudade! Com certeza pretendo voltar um dia, pois há diversos outros atrativos a se conhecer pela região.
Que legal que ficou esse post Sabrina! Realmente deve ter dado muito trabalho hein!!? Agradecemos demais pela sua visita e mais ainda pela referência ao nosso trabalho!! Seja sempre muito bem vinda!!
Muito obrigada pela recepção! Espero inspirar muitos visitantes a conhecer o parque! Obrigada por visitar meu site e volte sempre!
Amei seu post, Lindas tfs!! Mas me diga, vc acha necessario alugar carro 4X4 ?? Vc tb acha melhor contratar seguro adicional?
Boa tarde, Clicie! Pelo menos na época que fui as estradas dentro do parque estavam boas, aluguei um carro bem básico na locadora. Geralmente eu pego o seguro contra roubo/furto e o de batida (com o carro e com terceiros). E sempre pego proteção pra vidro e pneu, pois nunca se sabe. Espero ter ajudado. Se tiver mais dúvidas fique à vontade para perguntar! Obrigada por visitar meu site e boa viagem!