Acho que o Instituto Inhotim é um daqueles lugares que só ouvimos falar bem, mas estamos sempre adiando a visita. Assim era comigo e com várias pessoas que conheço. Então resolvi o problema e fui descobrir o motivo de tanto encantamento por esse museu a céu aberto. Misto de museu, parque e jardim botânico, Inhotim agrada até a quem não é entendedor de arte contemporânea por sua beleza e incrível paisagismo.
Em meados da década de 1980, o empresário mineiro Bernardo de Mello Paz idealizou o local, que era privado no início, e com o tempo foi se modificando e tornou-se aberto à visitação (em 2006). Com um dos acervos de arte contemporânea mais relevantes do mundo, bem como uma coleção botânica com espécies de todo o Brasil e de todos os continentes, o Instituto desenvolve também ações educativas e sociais.
Ele fica na cidade de Brumadinho (a cidade não se chama Inhotim), em MG, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, mas o trecho final de serra fará a viagem durar mais ou menos 1,5h. Algumas pessoas combinam a visita com cidades históricas mineiras. Partindo de Belo Horizonte, você pode alugar um carro ou ir de ônibus. Pode ser um bate e volta, mas acho que a viagem fica mais tranquila se dormir em Brumadinho, sobretudo se for visitar Inhotim por 2 dias. Eu visitei em apenas 1 dia, mas preferi dormir em Brumadinho mesmo para aproveitar ao máximo esse dia, do horário de abertura até o fechamento. Afinal, pensa em um lugar com 140 hectares abertos à visitação e mais de 500 obras entre pinturas, instalações, vídeos, esculturas e outros, além de mais de 4000 espécies de plantas (reconhecido como RPPN em 2010)?
A visitação funciona de terça a sexta das 9h30 às 16h30, e sábados, domingos e feriados das 9h30 às 17h30. De terça e quinta o ingresso custa R$ 25,00, na quarta é gratuito e em sextas, sábados, domingos e feriados o valor é de R$ 40,00. Nas segundas-feiras ele fecha. Você pode comprar o ingresso pelo site ou pessoalmente. Para o almoço, há alguns restaurantes, como o Oiticica, que oferece comida por quilo. Como a área de visitação é muito grande, caso o visitante queira há um serviço de transporte interno com carrinhos elétricos, que custa R$ 25,00 para o dia todo. Eles funcionam com rotas pré-determinadas e pagando esse valor você pode pegar todos os trechos, baldeando de um para outro. Estude o mapa do parque e, principalmente se só tiver 1 dia para visitar, use-os para cruzar os trechos maiores. No começo fiquei em dúvida se valia a pena utilizar esse transporte, mas pessoalmente acho que compensou muito, pois perderia muito tempo de um ponto a outro, e assim pude conhecer o máximo possível com o tempo que tinha disponível.
Em um dia não dá para ver tudo, mas com o auxílio do carrinho elétrico achei que foi bem proveitoso, vi tudo o que desejava. Entenda melhor e planeje o que quer visitar com o mapa de Inhotim. Nesse mapa há todas as áreas de interesse, rotas dos carrinhos, obras de arte e destaques botânicos. Assim você pode escolher e selecionar suas prioridades de visita. Além das fotos do próprio site e do Facebook do Instituto você pode ver algumas fotos de obras aqui. Agora se realmente quiser ver tudo e com mais calma, é melhor visitar por 2 dias. Consulte o site e o Facebook do Instituto também para ver programações especiais, às vezes fazem até shows lá.
Saindo da recepção, eu comecei pela área rosa, passando pelas obras de Yayoi Kusama (A17), Hélio Oiticica (A12) e pelas galerias atrás do lago. Depois peguei o trecho do amarelo que é caminho para a rota do carrinho 6, passando pelas obras no caminho (como o destaque de Edgard de Souza, A16) para as galerias Mata e True Rouge (G1 e G2, que são onde está o lago de cima). Essa visão das galerias espelhadas no lago é uma foto clássica de Inhotim, foto que abre este post. Aí o objetivo era ir para a galeria Doug Aitken (G10), lá em cima, a última do mapa. Essa instalação é muito interessante, pois dentro da construção há um buraco de 200 m de onde se ouve o “som da terra”. Próximo dessa galeria há a instalação de Matthew Barney (G12), uma crítica muito interessante.
Depois retornei à recepção e peguei um carrinho pela rota laranja, subindo pelo lado direito. Nesse trecho, passei pelos famosos fuscas coloridos que são um dos destaques de Inhotim (A6, Troca-troca, de Jarbas Lopes). Subi para a galeria Cosmococa (G15), depois peguei o carrinho subindo passando pela Elevazione (A21), que parece uma árvore real, mas na verdade é de concreto, sustentada por árvores de verdade, e desci na área da obra de Chris Burden (A14) e visitamos toda essa área (que tem até uma piscina disponível para uso, A15).
Daí pegamos o carrinho descendo no mapa em direção ao galpão (G11) para ver o lindíssimo caleidoscópio, a Viewing Machine, de Olafur Eliasson (A13). Essa região também tem uma vegetação lindíssima e diferente. Descendo a pé você encontra os maravilhosos jardins temáticos (J1, J2 e J3), é bem curioso! Depois tomamos a rota de carrinho para a galeria psicoativa Tunga (G21). Ela fica num trecho de mata mais fechada, é incrível! Os monitores de todas as galerias explicam sobre a arte se você quiser, e o trabalho do Tunga é muito interessante. Aliás, isso é algo que gostei muito: todos os funcionários com quem conversei sabiam falar sobre as obras e dar suas interpretações pessoais sobre tudo. Eu não sei sobre a formação e treinamento deles, mas aparentou serem pessoas que gostam de trabalhar em Inhotim e parecem admirar o local e os artistas.
Depois pegamos o carrinho para o lago à direita, que tem uma linda paisagem, cruzamos a pé para as galerias perto do lago já na parte inferior amarela no mapa, com destaque para o trabalho de Cildo Meireles (G5), Adriana Varejão (G7), Lygia Pape (G20) e a Galeria Praça (G3), onde você pode ouvir um interessante coral de alto-falantes, e finalizamos a visita.
Uma atração à parte para mim foram os bancos, feitos pelo designer Hugo França. Cada banco é uma escultura, feitos de madeiras que não são aproveitadas pela movelaria tradicional.
Seja qual for seu artista preferido, é quase certeza que você vai adorar Inhotim e seus cenários!