O Santuário do Caraça é uma daquelas joias escondidas em Minas Gerais que vale cada segundo da visita! A 114 km de BH, a estrutura integra a Serra do Espinhaço e é considerada uma das 7 maravilhas da Estrada Real, sendo elas:
- o Santuário do Caraça
- a cachoeira do Tabuleiro (veja meu relato)
- a Gruta da Lapinha
- o Parque Nacional da Serra do Cipó
- a Praça Minas Gerais (em Mariana)
- o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida
- o Teatro Municipal de Sabará
Com mais de 11 mil hectares, o Santuário do Caraça localiza-se nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara e é assim nomeado pela serra na região parecer um grande rosto humano de perfil.
Por volta de 1770, o Irmão Lourenço de Nossa Senhora comprou o local, fundando uma espécie de hospedaria para os romeiros que passavam pela região e também uma capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens. Decidido a se afastar de tudo e se dedicar à fé, escolheu esse lugar por estar em meio à mata e às montanhas. Assim, a construção se destaca na natureza.
Antes de falecer, o Irmão Lourenço solicitou que o Santuário do Caraça abrigasse um colégio para meninos e um seminário para padres, o que se concretizou no século XIX, com a ampliação do local e a construção do Santuário no lugar da Ermida. O Santuário também abriga uma biblioteca e um museu. Infelizmente, em 1968 houve um incêndio que destruiu parte da história do local.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caraça recebe em média 70.000 visitantes anualmente, pois além dos aspectos históricos e culturais, oferece uma experiência super interessante de trilhas em cachoeiras e picos, o que engrandece muito o turismo no local.
Com rica fauna e flora, o Santuário do Caraça oferece uma oportunidade de interagir com a natureza e se hospedar numa construção histórica, além de experimentar a rica gastronomia local.
Como chegar?
É fácil acessar o Santuário do Caraça de carro, aluguei um veículo em BH e dirigi pelos 114 km numa rodovia de pista simples por cerca de 2 a 3 horas.
Se não estiver de carro, você pode pegar o trem de Belo Horizonte até Barão de Cocais (Dois Irmãos) ou um ônibus até Santa Bárbara ou Barão de Cocais. De uma dessas cidades é necessário pegar um táxi (cerca de R$ 100,00).
Para informações atualizadas de como chegar, acesse este link do Santuário, que contém inclusive contato de pontos de táxi da região.
A visita
É possível passar apenas um dia no Santuário do Caraça, ou então se hospedar lá para conhecer melhor.
Caso passe somente um dia, a tarifa de entrada em dias de semana é de R$ 12,00, e em fins de semana, R$ 18,00. O horário para visitar é das 08h às 17h (com entrada permitida até 15h30), todos os dias.
O almoço no local custa R$ 28,00 por pessoa à vontade. Recomendo fortemente as refeições, é tudo muito saboroso!
Para passar mais de um dia, como eu fiz (passei um fim de semana por lá), você pode se hospedar na Pousada do Caraça, na Pousada Fazenda do Engenho, ou na Casa de Retiro. Veja os valores no site. As diárias são caras, porém incluem café da manhã, almoço e jantar (e então não precisa pagar a tarifa de entrada também), e considerando isso eu achei um excelente custo-benefício! Como mencionei, as refeições são deliciosas e ricas! Acho a experiência de dormir no Santuário a mais recompensadora!
As trilhas
Saí bem cedinho de BH e cheguei ainda de manhã no Santuário do Caraça. Fiz o check-in na pousada e me familiarizei com a rica construção do santuário.
Eu havia pesquisado todas as opções de trilhas no site. Algumas são autoguiadas e para outras é obrigatório contratar previamente um guia local. Antes de ir, pesquise no site sobre todas as opções de trilhas, cachoeiras e picos e escolha entre as que pode ir por conta e as que precisa contratar guia. Entre em contato com o santuário para agendar seu guia caso necessário.
Segui para minha primeira trilha: a Cascatona. A trilha para a Cascatona tem 6 km de ida. Ao sair para a trilha pedi recomendações no Centro de Visitantes.
Antes de seguir ao destino final, passei no Cruzeiro. O Cruzeiro é um belíssimo mirante para o Santuário, que fica a 1 km de lá e tem acesso fácil. Dá mais ou menos uns 20 minutos de caminhada e a vista é bem recompensadora!
Continuei o caminho para a Cascatona, e a maior parte é tranquila, mas considero a trilha no todo como nível intermediário, pois chegando na Cascatona há uma descida um pouco íngreme pelas pedras, o que eleva o nível de dificuldade. Como estou acostumada com trilhas e o tempo estava bem seco não achei necessário guia, já que todo o percurso estava bem demarcado e sinalizado. Se você não faz trilhas aconselho que contrate um guia. A Cascatona tem cerca de 80 metros de altura. Para ida, volta e tempo de apreciação reserve pelo menos umas 7 horas de atividade.
Seguindo um pouco mais adiante da trilha principal da Cascatona está o Oratório, que é uma construção antiga que forma um mirante. O interessante é ver a Cascatona do alto no caminho.
Na volta ainda deu tempo de passar no Banho do Imperador, a 100 metros do Santuário. É um pequeno trecho do rio com uma boa área para banho.
Ao retornar ao Santuário dei mais uma volta pela arquitetura do local e me preparei para a noite. Após o jantar há uma missa, onde servem pipoca e chá. Do lado de fora, uma espera aguardada: a chegada do lobo Guará. Os padres locais sempre deixam comida próximo à escadaria, e um lobo Guará se acostumou a frequentar o local. Ele vem quase todos os dias e não se importa com a presença das pessoas e das fotografias. O fenômeno virou um evento, e são colocadas cadeiras para que o animal seja observado. Infelizmente, a ocasião em que estive no Santuário foi um dos raros dias que o lobo não compareceu.
No dia seguinte fiz a trilha da Cascatinha. Ela tem 2 km de ida e é de nível fácil. Dividida em 4 quedas d’água com 4 piscinas naturais, seus 40 metros formam uma cascata linda e excelente para banho.
Na volta ainda passei na Prainha, como o nome diz, uma prainha de rio de acesso bem fácil a menos de 1 km do Santuário.
Não fiz as trilhas de Taboões, Banho de Belchior, Tanque Grande, Capelinha, Bocaina e os picos que exigem guia, como o do Inficcionado, do Sol, da Carapuça, Canjerana, Verruguinha, dentre outros. Todos os descritivos estão no site do Santuário do Caraça.
Esse roteiro que fiz coube direitinho num fim de semana, e só pelo Santuário já valeu a pena, tanto pela arquitetura quanto pela experiência de pernoitar num local como esse e saborear a excelente gastronomia. Além disso, as cascatas que visitei são a cereja do bolo desse passeio, lindas demais! Sem falar na possibilidade de ver o lobo guará de pertinho. Tudo isso torna o Santuário do Caraça um lugar único!