Trilha do Rio do Boi

 

Quando visitei os cânions Itaimbezinho e Fortaleza, em Cambará do Sul (veja meu relato), ficou o enorme desejo de voltar para fazer um dos inúmeros passeios da região. Eu só havia passado 2 dias por lá e faltou fazer muita coisa! Mas o que eu mais almejava era a Trilha do Rio do Boi, desejo que surgiu ao admirar o cânion Itaimbezinho lá de cima de seus mirantes. Não conseguia parar de imaginar como seria caminhar por dentro desse belíssimo cânion!

Mapa de Praia Grande – SC
Sede do Parque Nacional de Aparados da Serra, de onde se inicia a Trilha do Rio do Boi

Eu tinha amigos que também visitaram a região e tentaram fazer essa trilha, mas não foram bem-sucedidos. Isso porque a Trilha do Rio do Boi depende de certas condições climáticas. Quando chove o nível do rio sobe e existe um perigo real em percorrê-la. O nível máximo do rio é de 19 centímetros. A partir de 20 centímetros o Parque Nacional de Aparados da Serra fecha a trilha.

Então, nos reunimos e decidimos sair nessa empreitada!

Caminhando sobre as pedras
Uma das cascatas do caminho

Alguns dados da Trilha do Rio do Boi:

– A Trilha do Rio do Boi percorre o interior do Cânion Itaimbezinho, entre seus paredões com cerca de 700 metros.

– A caminhada é feita parte por trilha, parte pelo leito do rio.

– Ida e volta são cerca de 14 km, feitos em uma média de 7 horas.

– O nível de dificuldade é de moderado a difícil.

– Durante a trilha o rio será cruzado 20 vezes!

– Essa trilha tem esse nome por conta de um fato triste: alguns bois já caíram lá de cima do cânion.

– É obrigatório guia.

– A portaria do parque fica a 12 km da cidade de Praia Grande (SC).

Cruzando o rio de forma cooperativa
A trilha segue pelas laterais do rio

Como chegar?

A trilha do Rio do Boi se inicia na cidade de Praia Grande, SC. Voamos para Porto Alegre e alugamos um carro. Isso porque não encontrei ônibus direto de Porto Alegre a Praia Grande. O máximo que consegui em minhas pesquisas foi um ônibus de Porto Alegre a Santa Rosa do Sul (Viação Santo Anjo) e de Santa Rosa do Sul a Praia Grande (Empresa União). Mas os horários eram ruins para o pouco tempo que eu tinha. Porém, se você tiver mais dias e optar por ir de ônibus, confirme nos sites essa rota e pergunte à sua agência em Praia Grande se essa é a melhor opção.

Uma das cascatas caindo do cânion
Os paredões são maravilhosos

De carro, sugiro que siga a rota pelo litoral até Torres (BR-101) e de lá suba pela SC-290 até Praia Grande. Isso porque a rota de Cambará do Sul até Praia Grande não é asfaltada (veja meu mapa das rotas asfaltadas e as de terra no meu relato sobre Cambará do Sul). De Porto Alegre a Praia Grande são 220 km, cerca de 2h40.

Ponto final da trilha
Local da foto clássica

Você precisa se hospedar na cidade de Praia Grande na noite anterior, pois a trilha se inicia bem cedo. Eu me hospedei no Hotel Aparados, lugar simples, porém confortável e econômico.

Todas as agências que comentei no roteiro de Cambará fazem a guiada na Trilha do Rio do Boi, mas eu escolhi a Tribo dos Canyons (site e Facebook 1 e Facebook 2).

O Giovani, da agência Tribo dos Canyons, guia na trilha do Rio do Boi, e além disso oferece outros inúmeros passeios na região. Ele nos ofereceu um excelente custo-benefício para essa trilha e nos atendeu com muito profissionalismo, recomendo os serviços dessa agência.

Finalmente, a foto clássica!
A emoção é grande!

O que levar?

– roupas de trilha (com roupa de banho por baixo).

– tênis de trilha.

– uma troca de roupa para o final do passeio.

– uma meia de cano longo, pois é fornecido perneira (contra cobras) e ela fica mais confortável com uma meia mais alta.

– lanche de trilha e água.

– se você conseguir levar bastão de trilha é interessante, para se equilibrar melhor pelo rio e pelas pedras. (Porém, eu não consegui, e na portaria do parque havia alguns bastões improvisados de madeira para serem emprestados.)

Na volta paramos numa das cascatas para tomar um banho de cachu
É lindo demais!

E a trilha, Sabrina, conta logo!

Iniciamos o percurso numa mata mais fechada, com poucas subidas, e o caminho não era muito difícil. Depois chegamos ao leito do rio, ora caminhando em suas laterais, ora caminhando pelas pedras.

Quando se está já no leito rio é preciso ter atenção ao caminhar sobre as pedras para não sofrer uma torção de pé.

Como eu disse antes, ida e volta cruza-se o rio 20 vezes! Então prepare-se para ficar todo molhado (por isso é necessário levar uma troca de roupa para depois). Quando cruzamos o rio precisamos dar as mãos pois, apesar de o nível do rio estar adequado para fazermos a trilha em segurança, em alguns trechos a correnteza é um pouco forte. Por isso fazemos uma corrente humana e assim cada trecho é cruzado com mais tranquilidade. Houve trechos em que a água chegou quase até a cintura, mas nossa corrente humana nos deixou seguros.

A gente atravessando o rio numa das 20 vezes

Fomos no verão, por isso a temperatura da água estava bem agradável, e pudemos fazer algumas paradas no caminho para aproveitar alguns dos ótimos poços para banho.

Além disso, passamos por belas cascatas caindo do alto dos cânions. O lugar todo é surreal, parece um cenário da era dos dinossauros! Os paredões do cânion convidam para sessões de fotos. Eu levei minha câmera dentro de uma mochila impermeável e tomei um relativo cuidado quando estava com ela no pescoço.

Não se caminha até o final do cânion, mas sim até um ponto máximo onde é permitido levar os turistas. Esse ponto final é o ponto clássico para fotos. Lá fizemos nosso lanche também.

Voltamos ainda parando numa das cachoeiras para o último banho e nos despedimos do cânion cansados e felizes.

Voltando 🙁

Se você adora trilhas esse passeio é indispensável! Porém, tenha sempre um plano B caso chova e o nível do rio impossibilite sua aventura. Como esse passeio é de um dia, você pode combinar a Trilha do Rio do Boi com outros roteiros na região, como o Cânion Malacara por exemplo. Se tiver alugado um carro e tiver mais dias, pode dar uma passadinha para conhecer a cidade de Torres, ou, como eu fiz, coloquei a Cascata do Chuvisqueiro, que fica entre Porto Alegre e Praia Grande, no roteiro do outro dia.

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